Produtores aplicam segundo reajuste do ano e estudam aumento de produção para os próximos meses
Os produtores de celulose de fibra curta, dentre os quais se destacam os brasileiros, vão implementar em 1º de fevereiro o segundo reajuste de preços deste ano, que já começou com uma alta inesperada pelo mercado. O novo aumento de US$ 30 por tonelada será aplicado nos três mercados de referência e foi comunicado a clientes pela Suzano Papel e Celulose. A melhora do ambiente de negócios para o setor, que até meados do ano passado foi duramente afetado por queda de preços e retração da demanda, estimula não apenas a recuperação das cotações internacionais mas também a retomada das discussões sobre ampliação de capacidade no Brasil.
De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes, planos de expansão deverão ser anunciados pelos produtores brasileiros nos próximos meses. "O Brasil precisa investir", afirmou. Até 2015, segundo estudo da entidade, a indústria brasileira deverá desembolsar US$ 20 bilhões, incluindo aportes em florestas e manutenção, para levar a produção nacional de celulose a aproximadamente 20 milhões de toneladas anuais, o que colocaria o Brasil na liderança dos países produtores.
Em 2009, as exportações brasileiras de celulose subiram 16,9%, para 8,229 milhões de toneladas, impulsionadas sobretudo pelas encomendas chinesas. Em volume, a China ampliou as compras da matéria-prima brasileira em 127,3%, para mais de 2,7 milhões de toneladas. Com isso, o país asiático firmou-se como segundo maior cliente do setor, com participação de 33% nos embarques, atrás da Europa, com fatia de 40%. As receitas com exportação de celulose, entretanto, recuaram 15,4%, para US$ 3,315 bilhões, diante da desvalorização do dólar e da queda dos preços.
Com o reajuste que será implementado em fevereiro, as cotações de referência da celulose passarão a US$ 790 por tonelada na América do Norte, US$ 760 na Europa e US$ 720 na China. Para a presidente da Bracelpa, o preço médio do insumo em 2010, considerando-se os três mercados, deverá ficar entre US$ 760 e US$ 780 por tonelada. "O crescimento da demanda chinesa tende a continuar", explicou Elizabeth. "No geral, a demanda deve se manter aquecida, assim como os preços. Mas o câmbio continuará atrapalhando", acrescentou. Em sua avaliação, a reversão na balança comercial de celulose deverá ficar para o próximo ano.
Veículo: Valor Econômico