Varejo: Loja de departamento americana ainda não se internacionalizou
A rede de lojas de departamento Target, a quinta maior varejista dos Estados Unidos e a décima maior empresa do setor no mundo, anunciou ontem que tem planos de se expandir para países da América Latina . Em um comunicado divulgado ontem, a companhia listou os quatro grandes focos no médio prazo, e um deles será o crescimento fora dos Estados Unidos. "A expansão [ no exterior] começará, mais provavelmente, pelo Canadá, México ou América Latina num horizonte de três a cinco anos".
Diferentemente do Walmart, o seu maior competidor nos Estados Unidos, a Target ainda não ousou se arriscar em mercados estrangeiros. Mas a concorrência com o Walmart também não será fácil fora de casa.
A América Latina - e o Brasil em particular - faz parte dos mercados eleitos como prioriritários no mundo pelo Walmart, que já vem investindo bilhões de dólares na região na última década. Além de ser líder no México e de ter comprado a maior varejista do Chile, o Walmart vai investir US$ 1 bilhão no Brasil em 2010, a maior soma já alocada para o país, onde planeja abrir cerca de 110 lojas este ano.
Com a recessão nos Estados Unidos e a saturação do varejo americano, as grandes cadeias do país estão sendo "empurradas" para fora do país, onde o consumo cresce a taxas mais aceleradas, sobretudo nos mercados emergentes como a China e o Brasil.
Segundo o ranking mundial divulgado pela National Retail Federation (NRF), o Walmart consolidou-se no topo, com um crescimento de 7,1% nas vendas e uma faturamento de US$ 401,2 bilhões em 2008. O Carrefour, segunda maior varejista do mundo, cresceu menos - 5,9% -, com uma receita de US$ 128 bilhões.
A expansão da Target foi ainda mais modesta. As vendas da varejista americana cresceram apenas 2,3%, totalizando US$ 62,9 bilhões. Já a Tesco, do Reino Unido, ficou em quarta no ranking mundial, com uma expansão de 15% e vendas de US$ 96,2 bilhões em 2008.
Segundo a Bloomberg, a Target vai testar um modelo de loja mais compacto para acelerar a sua expansão nos próximos. A redução do tamanho das lojas é uma tendência no varejo mundial devido à escassez de espaço e às maiores restrições legais nos grandes centros urbanos. Para testar modelos mais compactos, a Target reduziu em cerca de 25% a oferta de itens em algumas lojas nos EUA, onde possui 1,7 pontos de vendas em 49 Estados.
Para os analistas, o investimento em lojas menores é bom negócio e vai agregar vendas para a Target. Mas a expansão internacional é vista como um passo muito mais arriscado. "Pode não ser um fácil movimento para eles", disse o analista David Abella, da Rochdale Investments, de Nova York. A Target também vai priorizar neste ano a reforma de lojas nos EUA
Veículo: Valor Econômico