Laep converterá dívida em participação acionária para ganhar fôlego financeiro

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A Laep Investments, dona da Parmalat, usará todos os meios disponíveis para deixar a casa mais arrumada para uma venda. A companhia anunciou ontem que, além de uma capitalização com injeção de novos recursos, converterá dívida em ações. Com isso, quer agregar valor e ganhar tempo para negociar melhor seu futuro.

 

A empresa emitirá 137 milhões de novas ações classe A, que dão direito à participação econômica no negócio, mas sem poder de controle. Com isso, a companhia praticamente dobrará o capital social, alcançando o limite autorizado.

 

Os papéis serão entregues para o fundo Global Yield Fund Limited, da GEM, que colocará R$ 120 milhões em dinheiro na empresa, conforme anunciado no dia 15 de janeiro. O aporte total pode alcançar R$ 210 milhões se as ações ultrapassarem R$ 3,00 na BM&FBovespa. Ontem, os papéis encerraram o pregão na bolsa paulista a R$ 2,59, após alta de 4,85%. No ano, o ganho acumulado é de 87,68%.

 

Outra parcela das novas ações da empresa será oferecida aos credores financeiros e operacionais, os fornecedores. Entretanto, ainda não há como estimar qual parcela será de quem no capital da companhia.

 

Em setembro, a Laep tinha R$ 2,9 milhões em caixa para R$ 150 milhões em dívidas financeiras e cerca de R$ 350 milhões em débitos de curto prazo com fornecedores. Por enquanto, o processo de troca de dívida por capital está aberto. A empresa não forneceu nenhuma estimativa de valores sobre a conversão de dívida nem de prazo para os trabalhos.

 

O alívio financeiro, contudo, não chegará de fato à empresa antes do dia 19 de fevereiro. A Laep marcou para essa data a assembleia que aprovará a emissão dos novos papéis. A quantidade de ações que sobrar da entrada do GEM e da conversão dos débitos será mantida em tesouraria. A preços de mercado, a emissão total de 137 milhões de papéis equivale a R$ 356 milhões - pouco menos que o atual valor da empresa na bolsa, de quase R$ 400 milhões.

 

Apesar de darem fôlego significativo para a situação de aperto financeiro da Laep, as operações não modificam a decisão da empresa de vender ativos ou mesmo o controle acionário da controlada Parmalat.

 

A companhia abriu capital em 2007 com planos ambiciosos de ser uma grande consolidadora no mercado de lácteos. Na ocasião, captou R$ 507,6 milhões no mercado. Após enfrentar dificuldades na execução com as alterações no setor, tornou-se vendedora dos ativos.

 

Em 2008, cinco meses depois de comprar os negócios da Poços de Caldas, a Laep vendeu o ativo para o Laticínios Morrinhos. No ano passado, vendeu sua maior fábrica - em Carazinho (RS) - para a Nestlé e a de Garanhuns para o Laticínios Bom Gosto.

 

A empresa tem hoje fábricas em Votuporanga e Guaratinguetá, em São Paulo, Santa Helena de Goiás (GO), Itaperuna (RJ) e Governador Valadares (MG). Além disso, tem o direito de uso da marca Parmalat em leite longa vida, leite condensado e creme de leite até 2017. Numa venda, a licença seria transferida para o comprador.

 

Nos primeiros nove meses de 2009, a Laep teve receita líquida de R$ 657,7 milhões, 40% menor do que em igual período de 2008. O patrimônio líquido estava negativo em R$ 124,5 milhões. Já no resultado anual de 2008 o auditor independente, a Ernst & Young, apontava riscos sobre a continuidade do negócio.

 

A Laep é listada na Bovespa por meio de recibos brasileiros de ações (BDRs), pois sua sede oficial fica no paraíso fiscal de Bermudas. Como, por conta disso, não está submetida a toda legislação brasileira, nenhuma das operações oferecerá direito de preferência aos atuais acionistas - que podem ser diluídos até a metade de sua participação.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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