Grandes consumidores ampliam compras

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Produtores de bens de consumo à base de alumínio, como bicicletas, móveis, luminárias e eletrodomésticos, estão apostando em crescimento de até 30% este ano - caso da fabricante de bicicletas Sundown - e já falam em novos investimentos. Um exemplo é a Whirlpool, dona da marca Brastemp (entre outras), que vai aplicar US$ 250 milhões em pesquisa, desenvolvimento de produtos e comunicação.

 

A Sundown e sua concorrente, a Caloi, deixaram para trás o cenário de queda de vendas provocado pela crise de 2008. Para Ulisses Pincelli, diretor comercial da Sundown Bikes, além da recuperação da economia, a criação de ciclovias e ciclofaixas e o projeto do governo para usar bicicletas no transporte escolar rural deve levar a uma expansão de 25% a 30% do mercado este ano, sobre 2009. Caso o projeto das escolas rurais não vingue, a estimativa é mais baixa: entre 10% e 12%, "o que recupera a queda de 2009", disse.

 

A Sundown, que reorganizou seu mix de produtos e clientes focando em maior rentabilidade, fechou o ano passado faturando 20% menos do que em 2008. A empresa consome ao ano 500 toneladas de alumínio, compradas no mercado interno, que, segundo Pincelli, oferece vantagens logísticas, "já que a qualidade e os preços são compatíveis com a oferta mundial".

 

Ele aposta que a tendência para este ano é de crescimento da participação das bicicletas de alumínio - hoje em torno de 10% do total de vendas da empresa - para 13% ou 14%. O metal encarece o preço da bike em cerca de 30% e seu "concorrente" é o aço, que segundo Pincelli, tem resistência mecânica e ótima relação custo benefício.

 

 

"Mas a bicicleta de alumínio oferece ganhos em relação à resistência, à corrosão e ao peso total do produto." A Sundown Bikes tem capacidade para produzir cerca de 1,2 milhão de bicicletas por ano se trabalhar em três turnos, o que ainda não acontece. Por isso, pode dar conta da demanda em alta e os investimentos previstos são para aumento da produtividade.

 

Já na avaliação do gerente de produto da Caloi, Fábio Teixeira, o crescimento do mercado para os próximos três anos, sustentado pela estabilidade econômica, a Copa e a Olimpíada, deve chegar a 6% ao ano. A Caloi investe R$ 700 mil por ano em pesquisa, desenvolvimento e engenharia de produtos com alumínio e tem planos para o lançamento de novidades em 2010.

 

"Temos lançado bicicletas com materiais diferenciados, com alumínio hidroformado e carbono", lembra Teixeira. O alumínio hidroformado, explica o executivo, proporciona design diferenciado e os pontos que exigem maior resistência ficam mais rígidos. Outras partes, como a rabeira, ganham flexibilidade, permitindo maior absorção do impacto e estabilidade.

 

O alumínio, embutido em produtos de uso cotidiano, pegou carona na explosão de vendas de eletrodomésticos puxadas pela redução do IPI. Na Whirlpool, por exemplo, cerca de 30% de toda a matéria-prima adquirida contém alumínio. Ele é usado em componentes de sistemas de refrigeração, como aparelhos de ar condicionado e refrigeradores.

 

No ano passado, a Whirlpool vendeu mais 24% em volume do que em 2008. "Em janeiro, o mercado ainda está aquecido. Com o fim da redução do IPI, entretanto, será necessário discutir a essencialidade de alguns produtos de linha branca", disse Paulo Miri, gerente geral de suprimentos da Whirlpool Latin América.

 

A empresa prevê crescer de 8% a 10% em 2010. "É um índice muito significativo, tendo em vista que 2009 foi um ano de recorde de produção e vendas", destacou Miri.

 

Os investimentos em pesquisa, desenvolvimento de produtos e comunicação estão subindo de US$ 100 milhões para US$ 250 milhões. A marca Brastemp estreou este ano na categoria de aspiradores de pó e já houve lançamentos de produtos Cônsul também neste segmento. "Outros lançamentos de várias categorias estão programados para o decorrer do ano", destacou Miri.

 

A área desenvolvimento de produtos trabalha em conjunto com os fornecedores - 90% do alumínio utilizado pela empresa são adquiridos no mercado interno - para o desenvolvimento de novas aplicações deste insumo e de outros. Exemplo: os motores de lavadoras que utilizam fio de alumínio em vez de fio de cobre.

 

Há outros ramos de negócio em alta. A fabricante de móveis de alumínio Green House, de Indaiatuba (SP), percebeu retomada nos pedidos a partir de julho. "Estamos investindo na expansão de 30% da capacidade produtiva, que é de 60 mil peças por ano", disse o diretor José Tonin Júnior. Ele preferiu não revelar o valor do investimento. Seus produtos - mesas, cadeiras, espreguiçadeiras entre outros - são vendidos principalmente para construtoras e hotéis. Por isso, ele também vê a Copa do Mundo e a Olimpíada como oportunidades de negócios.

 

A Green House trabalha com uma consultoria terceirizada para inovar e buscar novas aplicações do alumínio em móveis, substituindo a madeira, a fibra de vidro e o plástico. Há novidades e crescimento em outros ramos, como o de iluminação. De acordo com o sócio da fabricante gaúcha de luminárias Luxion, Celso Tissot, o crescimento em 2010 deve chegar a 20% em relação 2009, quando, apesar da crise, ele conseguiu faturar 41% a mais que em 2008.

 

"Devemos investir 30% do nosso lucro em desenvolvimento de novos produtos", disse, sem revelar valores. A Luxion tem parceria com fornecedores nacionais de alumínio para a criação de projetos, desde o desenho técnico até a definição da liga de perfis de alumínio mais indicada para o produto. A empresa fabricou 35 mil peças no ano passado e fechou o período no limite da capacidade.

 

"Em janeiro de 2010 aumentamos o quadro de funcionários e automatizamos algumas operações de montagem para aumentar a produtividade", comentou Tissot. Como a Luxion atende às áreas de iluminação, os negócios crescem na esteira da construção civil.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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