Preços no atacado se aceleram e têm maior alta desde início da crise

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Os preços no atacado em janeiro tiveram a maior variação mensal desde outubro de 2008, quando a crise mundial se acirrou. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) subiu 0,63% neste mês, quase um ponto percentual mais que no mês anterior, quando registrou queda de 0,26%. Puxado pela alta nos preços ao consumidor (IPC) e dos produtos industrializados (IPA industrial), o IGP-M inicia trajetória ascendente que, segundo analistas, se afastará da deflação verificada em 2009.

 

A rápida mudança de sinal dos preços no atacado, se acelerando entre dezembro e janeiro, é, para os analistas, muito influenciada por fatores sazonais - como a alta em mensalidades escolares - e previstos - como o reajuste de tarifas de transporte público, que afetam negativamente os custos ao consumidor.

 
 
A alta de 1% no IPC, que representa cerca de 30% do IGP-M, foi a maior registrada em um mês desde maio de 2005 - quando variou 1,02% sobre o mês anterior. As maiores contribuições vieram de transportes (2,3%), educação (2%) e alimentos (1,4%). Segundo Gian Barbosa, analista da Tendências Consultoria Integrada, o reajuste de 17,4% nas tarifas de ônibus em São Paulo foi o principal motivador da alta do item transporte, uma vez que a cidade representa cerca de 42% do IPC.

 

A elevação nos preços de alimentos, que passaram de 0,05%, em dezembro, para 1,42% neste mês, foi influenciada pelos alimentos in natura e industrializados. Mais uma vez, avalia Barbosa, a cidade de São Paulo ajuda a explicar a alta. "As fortes chuvas por si só já interferem na curva de preços dos alimentos, mas, como se não bastasse, ainda tivemos problemas na Ceagesp", diz, se referindo às inundações no entreposto.

 

Para José Francisco Lima Gonçalves, economista-chefe do Fator, não há "novidade" nos dados divulgados ontem. "Reajuste em tarifas de ônibus provocar impacto nos transportes não é surpresa", diz. A alta nos preços dos alimentos, segundo Gonçalves, "vem sendo captada no atacado e no varejo", mas, diferentemente do que poderia constituir um problema de pressão de preços, "não é oriunda de demanda, mas de choques de oferta". "Se depurarmos os efeitos extraordinários e sazonais em transportes, educação e alimentos, o IPC ficaria na casa de 0,4%", calcula - na conta, o índice de preços ao consumidor seria 0,6 ponto percentual abaixo do apurado.

 

Os preços industriais, que em janeiro reverteram a deflação observada nos últimos dois meses, foram influenciados, segundo os analistas, pela alta de produtos alimentícios industrializados. "Os preços industriais não vão manter esse ritmo forte registrado em janeiro", diz Barbosa. Segundo ele, a valorização do açúcar industrializado - que dobrou de preço nos últimos 12 meses - e dos derivados do petróleo contribuíram com a maior parte da alta de 0,71% verificada no IPA industrial neste mês.

 

Ao mesmo tempo, a oscilação na taxa de câmbio ampliou a variação entre dezembro e janeiro. "Os bens industriais no atacado são muito influenciados pelo câmbio", diz Gonçalves. Em dezembro, o dólar testava a barreira dos R$ 1,70, e ontem o câmbio fechou a R$ 1,86. "Não vejo demanda pressionando. O que há, além do câmbio, é uma recuperação natural, devido à retomada da atividade", diz Gonçalves.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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