Panelas chinesas prejudicam o desempenho de produtores nacionais

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O alumínio continua sendo o rei do fogão na cozinha brasileira. Suas propriedades físicas - é leve e excelente condutor de calor -, além do preço, mais baixo, fazem dele o metal preferido para a produção de panelas para uso doméstico e industrial. Compete com outros materiais como o ferro fundido, aço inoxidável, cobre, pedra sabão etc.

 

Apesar disso, os fabricantes enfrentam uma fase difícil. Como diz Roberto Prato, diretor da Walmart, o mercado encolheu e houve uma crescente oferta de panelas de aço inox fabricadas na China e na Índia, a preços que o dólar tornava convidativos.

 

O aço inoxidável é mais caro e não tem as propriedades físicas do alumínio, mas é mais resistente. Ele vem sendo utilizado para a fabricação de panelas de fundo triplo: duas camadas de aço inox e uma intermediária, de alumínio. O preço é mais caro, mas o câmbio as torna competitivas.

 

Outro fator que preocupa as indústrias é o aumento do preço do alumínio. Osvaldo Formigoni Filho, sócio-proprietário da Alumínio ABC, diz que a cotação do metal na London Metal Exchange teve um aumento de 30% de outubro para cá. Em parte, isso tem que ser repassado ao consumidor.

 

O número de fabricantes no Brasil é estimado em quinhentos. Para enfrentar a concorrência com outros materiais, tiveram que sofisticar seus produtos. Introduziram inovações como o antiaderente na parte interna, cabos anatômicos, tampas de vidro e ligas que dão mais resistência e leveza. Roberto Prato, da Walmart, espera uma retomada das vendas de panelas de alumínio revestidas de teflon, de melhor qualidade.

 

Arcângelo Nigro Neto, da Nigro Alumínio - a terceira colocada no ranking dos fabricantes, afirma que o setor se tornará mais competitivo se, como outros eletrodomésticos, receber isenção do pagamento do IPI.

 

A Alumínio Fortaleza sentiu o impacto da retração da demanda e da maior concorrência dos importados e registrou queda de 6% no faturamento em 2009, mas espera crescimento de 6% a 8% neste ano, segundo Odair Moya Júnior, neto do fundador da empresa.

 

Eduardo Dagnone, gerente da segunda maior fabricante no Brasil, o grupo francês Société d´Emboutissage de Bourgogne (SEB), que faz panelas com os dois materiais, afirma que ainda há reticências em relação ao câmbio, que poderá incentivar ainda mais as importações de panelas de aço inox. Mas ele vê um aumento da demanda por panelas de alumínio anti-aderentes e uma renovação do setor com o desenvolvimento de tecnologias que aumentam a resistência dos revestimentos e que facilitam o cozimento e a limpeza. O grupo, o primeiro a fabricar panelas antiaderentes no Brasil, em 1986, tem várias marcas tradicionais: Arno, Panex, Rochedo, Clock, Penedo e Krups.

 

A Trofa sentiu na pele o peso da conjuntura. Dona da marca Alumínio Brilhante, seu fundador, Alberto Trofa, viu o faturamento encolher 30% em três anos. Em 2009, faturou R$ 60 milhões e teve prejuízo de R$ 4 milhões; o número de funcionários caiu pela metade, de 1.400 para os atuais 750. Atribui o desempenho à importação de panelas de aço inox da China e à concorrência de fabricantes que estriam vendendo sem nota fiscal.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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