País eleva área de transgênico, mas libera poucas variedades

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Apesar de o Brasil ocupar, hoje, a terceira posição na lista dos países com maiores áreas plantadas de organismos geneticamente modificados (OGM), de acordo com estatística da International Service for the Acquisition of Agri-Biotech Application (Isaaa), Estados Unidos, Japão, Canadá, México, Coréia do Sul, Austrália, Filipinas e Nova Zelândia deixaram os brasileiros para trás no ranking de liberação de produtos transgênicos. Dados da Isaaa apontam, ainda, que nos últimos 12 anos, até 2008, de plantio e consumo dos transgênicos, entidades reguladoras do mundo deram pareceres positivos a 670 pedidos de autorização para cultivo comercial e importação destinada à alimentação humana e animal. O Brasil responde por 22 aprovações comerciais, segundo a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

 

Alda Lerayer, diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), informou que está previsto para início de março a divulgação de novo levantamento da Isaaa, que deve colocar o Brasil no páreo com a Argentina em área de plantio, devido ao milho OGM cultivado, em 23 milhões de hectares, este ano, segundo a Agroconsult, e aumento mundial de aprovações.

 

Em 2010, a Índia começou a plantar berinjela e a China aprovou o arroz OGM. No México, mais oito eventos foram aprovados (quatro milhos, dois algodões, uma soja e uma alfafa). A Austrália liberou a canola modificada e, entre outros países, a Argentina aprovou o milho. "No Brasil, deve chegar à CTNBio este ano o feijão transgênico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)", calcula.

 

Para Miguel Biegai, analista de algodão e bioenergia, da Safras & Mercado, o não desenvolvimento biotecnológico brasileiro ocorre em função da demora na liberação dos resultados de pesquisas enviadas à CTNBio. "Enquanto uma aprovação aqui demora anos, na Índia, por exemplo, o resultado sai em meses", diz.

 

Segundo o analista, existe uma tendência em longo prazo de o País utilizar a biotecnologia na melhoria da produção agrícola, mas o governo federal deveria investir em técnicos e cientistas.

 

A CTNBio informou que conta com o trabalho de 54 cientistas e oito técnicos. De acordo com o regimento interno, o órgão regulador tem de 90 a 120 dias para liberar o resultado de um processo. Mas o último registro da CTNBio mostra que o tempo de decisão de, por exemplo, seis produtos do algodão variou de 11 meses a quatro anos. Já o resultado de 11 produtos do milho levou de sete meses a nove anos para sair.

 

Biegai explicou que os países à frente do Brasil em aprovação obtêm por consequência, além de maior produtividade, cultivos a custos baixos. Segundo o analista, enquanto os americanos realizam quatro aplicações de defensivos em uma safra de algodão, o produtor brasileiro faz, em média, 15. "Isso afeta a competitividade. O transgênico é área-chave, estratégica para a agricultura."

 

Além da necessidade de aumento no quadro de profissionais em biotecnologia, o analista considera pouco os recursos oferecidos aos órgãos de pesquisa. "Se a Embrapa recebesse 20% ou 30% do aporte destinado a estudos em outros países, seríamos invencíveis em commodities."

 

Todo o processo de pesquisa, até a regulamentação da soja, de acordo com Giovanni Rodrigues Vianna, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), tem custo mínimo em torno de R$ 10 milhões.

 

Números do Ministério do Desenvolvimento (Mdic) mostram que, de 2008 até hoje, o governo em parceria com a iniciativa privada vão investir cerca de R$ 700 milhões em biotecnologia. "Com o retorno do texto de biossegurança de 2005, os processos devem acelerar", diz Lerayer.

 

Empresas

 

A Monsanto investiu, em 2009, R$ 8,5 milhões em pesquisas no Brasil e promete lançamentos para a próxima safra. Para o híbrido de milho, serão dois lançamentos: um para o controle de pragas e outro resistente a insetos e pragas. Já a soja Ômega-3 está na última fase, antes da autorização comercial. Em 2009, a Monsanto faturou mais de R$ 3,2 bilhões no Brasil. O estudo da soja resistente a herbicida, da Basf, feito pela Embrapa foi aprovado e deve chegar ao mercado entre 2011, 2012, segundo Vianna.

 

Apesar de o Brasil ocupar a terceira posição na lista dos países com maiores áreas plantadas com transgênicos, Estados Unidos, Japão, Canadá, México, Coreia do Sul, Austrália, Filipinas e Nova Zelândia deixaram os brasileiros para trás no ranking de liberações do setor. No entanto, esse cenário deve mudar em março, quando País irá se equiparar em área com os argentinos.

 


Veículo: DCI


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