Em 1976, quando foi lançada pela Bauducco, a colomba pascal era apenas uma tentativa de esticar o faturamento dos panetones. Hoje, apesar da receita semelhante, o produto conseguiu criar seu próprio mercado. O produto movimenta cerca de R$ 80 milhões em vendas apenas nos 40 dias entre o Carnaval e a Páscoa, que este ano cai no dia 4 de abril. Só nesta temporada, serão 9 milhões de unidades, toda elas fabricadas pela Pandurata Alimentos, dona da Bauducco, marca que domina o setor. "Estamos cada vez menos dependendo das vendas de panetones", diz Paulo Cardamone, diretor de marketing da companhia.
A Pandurata, que não tem grandes rivais fabricando colombas (Nestlé, Village e outras empresas desistiram do negócio há cerca de quatro anos), não revela o quanto a iguaria natalina representa em seu faturamento, que no ano passado chegou a R$ 1,4 bilhão, com crescimento de 14% sobre 2008. Mas o volume de panetones vendido no ano passado passou das 50 milhões de unidades. "Nossa expectativa era vender 16% mais que no Natal de 2008. Mas crescemos 25%", diz Cardamone.
Para 2010, a empresa espera faturar 15% mais e passar de R$ 1,6 bilhão em vendas. As colombas deverão ajudar. "Vamos vender 15% mais em volume em relação a 2009", diz o executivo, sobre o bolo em forma de pomba.
O que ajuda nas vendas, por incrível que pareça, é o sucesso alcançado na temporada de panetones. "Aquela sobra que é vendida em janeiro esgotou antes porque as vendas em dezembro foram muito boas. Isso costuma trazer mais consumidores que são fãs do panetone para as colombas, já que a massa é praticamente a mesma."
A empresa também está investindo em lançamentos na área de biscoitos - segmento que representa o maior mercado dentro do setor de alimentos. Só em 2009, conforme a projeção Nielsen, foram vendidos R$ 10 milhões em bolachas no país, 1,2% mais que no ano anterior, em volume.
Para continuar crescendo nesse segmento, a Pandurata iniciou no dia 29 de janeiro a construção de sua nova fábrica, em Rio Largo, Alagoas, com investimento inicial de R$ 80 milhões, segundo fontes do mercado. "O investimento não foi definido porque ainda não projetamos a capacidade de produção para a unidade. Isso será feito no segundo semestre", diz Cardamone.
Dedicada apenas à produção de biscoitos, a sexta fábrica da empresa vai deixar a Bauducco mais perto do consumidor nordestino, que hoje é responsável por 30% das vendas de biscoitos no país. A inauguração está prevista para o primeiro trimestre de 2011.
Os planos para abrir o capital da companhia continuam, mas não são para o curto prazo, segundo Cardamone.
Veículo: Valor Econômico