Depois de experimentar uma queda de quase 40% em 2009, fechando o ano com embarques de US$ 1,16 bilhão, as exportações brasileiras de couro desenham movimento de recuperação em 2010.
As vendas externas devem somar cerca de US$ 1,5 bilhão neste ano - o que representará um acréscimo de 30% em relação ao exercício anterior.
É verdade que este total ainda está longe do US$ 1,88 bilhão apurado em 2008 e dos US$ 2,2 bilhões de 2007, dois dos melhores anos do setor.
Mais do que um justificado motivo de comemoração, a reação dos embarques representa um refluxo de mercado que precisa ser devidamente capitalizado para que a cadeia produtiva do couro possa desenhar um movimento de retomada sustentável.
A indústria do couro, é bom que se diga, já está fazendo sua parte.
Aproveitando a recuperação das vendas, o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) lançou no início deste ano uma campanha internacional de valorização do couro brasileiro.
Com apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a entidade promoverá o produto nos principais países importadores, com o objetivo de mudar a imagem do couro brasileiro no mundo.
A campanha tem dois alvos. No front interno, vamos enfocar o aumento da qualidade do produto final.
Para tanto, especial atenção será dedicada à melhoria das condições de tratamento do rebanho e das peles.
É verdade que a qualidade do nosso produto evoluiu muito nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
A chave para se obterem os pretendidos ganhos de qualidade no campo será o trabalho de conscientização dos pecuaristas em relação a cuidados básicos na lida com seus animais:
-não marcar a fogo as partes nobres;
- evitar cercas de arame farpado, que podem perfurar o couro;
-transportar o gado em veículos adequados, que não apresentem objetos perfurantes, entre outros pontos.
Já no front externo, o principal alvo será atacar o preconceito contra o couro brasileiro, por meio de uma campanha esclarecedora, destacando as propriedades e as vantagens do nosso produto.
Outras medidas, entretanto, se fazem necessárias para consolidar a recuperação que a indústria do couro está desenhando, a começar pela criação de linhas de crédito para suprir o capital de giro das empresas.
Este é, sem dúvida, um dos principais gargalos da indústria do couro, para o qual o governo pode prestar contribuição determinante.
É preciso ainda desburocratizar os trâmites que embaraçam nossas exportações, bem como agilizar os processos de ressarcimento de créditos do Programa de Integração Social e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins).
A concretização de tais medidas pode assegurar o fôlego de que a indústria do couro necessita, justamente no momento em que o mercado mundial dá inequívocos sinais de retomada, conforme constataram, de forma unânime, os especialistas internacionais que participaram o Fórum Internacional do Couro, promovido pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, em parceira com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), durante a Couromoda, em São Paulo.
O empenho para aprovar as medidas propostas justifica-se.
Vale lembrar que a cadeia produtiva do couro é composta por cerca de 10 mil indústrias, que geram mais de 500 mil postos de trabalho No País e totalizam uma receita superior a 21 bilhões de dólares por ano.
Trata-se, como se vê, de uma atividade da mais alta relevância na economia brasileira, que merece ser apoiada e estimulada, no interesse do próprio desenvolvimento socioeconômico do País.
Veículo: DCI