As mulheres ainda acreditam que têm remuneração mais baixa do que os homens no mesmo cargo, talvez até por uma questão cultural. Por outro lado, essa perspectiva tem feito um número maior de mulheres se tornarem empreendedoras, e apostarem no seu próprio negócio. É o caso Leiza Oliveira, que decidiu criar a sua própria rede de franquias, a Minds English School, depois de 14 anos de experiência no setor administrativo e de expansão de outras escolas de idiomas, como a Wizard. Há apenas três anos com sua rede, Leiza já conta com 24 unidades.
Mesmo sendo formada em Ciências Contábeis, a empresária sentiu afinidade com o segmento de educação e em 2008 optou por começar a expandir pelo modelo de franchising. A expectativa é dobrar de tamanho este ano, ao chegar a pelo menos 40 unidades. "Já trabalhei em outras redes e já fui dona de franquia na área, também. Com isso aprendi e tive vontade de formatar a minha rede."
De acordo com a executiva, a procura de interessados em serem franqueados começa a crescer e a expansão já superou suas expectativas: "Eu imaginava que com cerca de dois anos teríamos no máximo 15 unidades, então é uma surpresa: tenho franqueado que está abrindo sua segunda e até terceira unidade", diz. Ela diz que optou por uma estratégia de estudar e ter um número determinado de lojas para abrir em cada cidade que quer atuar, não canibalizar o negócio: "Cada escola vai poder trabalhar bem a sua região. Quando fui dona de franquia, uma outra escola da mesma rede abriu a apenas 5 quilômetros da minha: vamos tomar mais cuidado com isso", explica.
Hoje, o investimento necessário para abrir uma unidade da Minds, com o capital de giro, é de cerca de R$ 110 mil, e as próximas escolas serão abertas nas cidades de Anápolis (GO), Maringá (PR) e Belo Horizonte (MG) - até o mês de maio. Este ano, a rede ainda deve apostar mais em divulgação, com investimento de R$ 1 milhão em mídia, além de lançar novos cursos para atrair novos alunos, como cursos de Inglês voltados para hotelaria. O objetivo é atrair profissionais, como taxistas e outros ligados à área de turismo, que devem se preparar para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas, que serão sediadas no Brasil.
Empreendedorismo
Como o exemplo de Leiza, o número de mulheres líderes de negócios cresce no País, onde 38% do total de empreendedores já são mulheres. Dentro do setor de franquias, que já movimenta R$ 240 bilhões e representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% do total de franqueados também são do sexo feminino.
Pesquisa da Rizzo Franchise, consultoria especializada no mercado de franquias, aponta que as franquias que têm uma mulher como proprietária dão resultado melhor. Para Marcus Rizzo, executivo responsável pela pesquisa, a explicação pode ser a maior capacidade de adaptação das mulheres aos padrões estabelecidos pelas franquias e o fato de tenderem a ser mais organizadas. De acordo com ele, hoje, no Brasil, há cerca de 62 mil mulheres à frente dos negócios e na operação de franquias (de um total de 148.074 franquias existentes), e a maioria dessas mulheres têm idade de 36 a 45 anos.
Crescimento
O setor de franquias ainda deve continuar a abrir espaço para mulheres, com expectativa de que, em 2010, 16.500 novas franquias sejam abertas em todos os setores do varejo, frente a 14.365 abertas no ano passado. Hoje, existem 149 mil unidades.
Segundo Rizzo, o segmento deve atingir um faturamento de R$ 254 bilhões até o fim do ano, frente a R$ 240 bilhões de 2009, um crescimento de quase 6%. "No ano passado, foram inauguradas 39 franquias por dia", diz o executivo. Os números da Rizzo Franchise estimam o mercado total do País e diferem dos dados da Associação Brasileira de Franchise (ABF), que divulga dados do mercado baseada no número de franquias associadas. Conforme a ABF, o crescimento estimado para este ano é de 16% , superando o faturamento de R$ 63 bilhões de suas associadas em 2009.
Apesar de o otimismo das mulheres cada vez mais determinar o mundo dos negócios e o comércio nacional, seja por estarem se tornando mais empreendedoras e donas de sua própria empresa, seja por terem maior poder de compra e decisão de consumo nas famílias, elas realmente acreditam ainda ganhar menos dos que os homens nas mesmas funções. É o que aponta uma pesquisa elaborada pela consultoria brasileira Toledo & Associados.
Nesse estudo, 76% das mulheres entrevistadas acham que ganham salário menor do que os homens e 77% acreditam que são discriminadas no trabalho. Em entrevista ao DCI, Maria Aparecida Toledo, sócia da consultoria, disse que pesquisas anteriores indicavam que, em geral, "as mulheres ainda recebem salário entre 25% e 35% menor do que os homens". O estudo ouviu 125 mulheres das classes A, B e C.
Veículo: DCI