Polo de alimentos e bebidas aposta no mercado regional

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Empresas esperam se recuperar do tombo de 2009 e crescer 10,6%

 

Após a freada de 7,52% no ritmo de investimentos no ano passado em relação a 2008, a indústria de bens de consumo não-duráveis, como alimentos e bebidas, espera ter em Manaus neste ano a mais intensa elevação de faturamento em cinco anos. A informação foi dada pelo presidente do Sindicato da Indústria de Alimentação e Bebidas de Manaus, Carlos Rosas Monteiro, no início desta semana.

 

Na base de cálculos projetados pelo representante está o levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas), mostrando que o setor projeta para este ano faturamento 10,6% maior que o de 2009. A estimativa está acima da média geral da indústria em nível nacional, a qual espera aumento 10,1% nas vendas deste ano.

 

Recuperação gradual

 

Monteiro comentou sobre a recuperação gradual da demanda no mercado regional, fator que vai impulsionar o faturamento do setor, vez que o Estado ampliou em 20% o número de produtos tipo exportação no ano passado. Segundo o executivo, além das massas, biscoitos e macarrão, o Amazonas tem participação garantida no setor de bombons e café. “Por conta da crise, a indústria de alimentos em 2009 deixou de obter em vendas externas mais de US$ 1.5 milhão, cerca de 7% abaixo do desempenho de 2008. Para este ano, a estimativa é recuperar as vendas para outros Estados”, estimou.

 

Demanda reprimida

 

Ao confirmar as projeções da FGV, a gerente geral da Indústria de Café e Alimentação Manauara, Arminda Ferreira, afirmou que já era esperado o otimismo em relação à produção de 2010, por conta da demanda reprimida no setor em virtude dos efeitos da crise no ano passado. A executiva garantiu que o reaquecimento nas cozinhas industriais em parte se deve às obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que consolidaram aumento de 20% nos pedidos. “Quando passamos as estimativas para a FGV, já sabíamos que em 2010 haveria retomada do crescimento industrial, embora nossa estimativa inicial fosse um pouco maior, justamente por conta da demanda reprimida”, justificou Arminda Ferreira.

 

Eventos esportivos e escalada do preço do açúcar inflam faturamento

 

Outro segmento que observa com otimismo o mercado consumidor é a indústria de refrigerantes, que espera produzir 1,3 bilhão de litros a mais que no ano passado. Concretizada essa estimativa, o Amazonas, que detém 2,8% da produção em nível nacional, ampliaria para 3,2% o volume de tubaínas e refrigerantes de cola e em aproximadamente 5% o faturamento.



A explicação desse avanço em todos os Estados, segundo o diretor-executivo da Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas), Paulo Mozart, se deve inicialmente à escalada da cotação do açúcar, que provocou elevação nos preços da bebida, e aos grandes eventos programados para este ano, como a Copa do Mundo. “O custo do açúcar representa 38% do preço final dos refrigerantes”, considerou.

 

Em entrevista ao Jornal do Commercio, Mozart asseverou ainda que, em nível nacional, a indústria de refrigerantes espera uma alta de 6,8% que o percentual de 1,35% de crescimento atingido no ano passado. “O consumo nacional passou, no último ano, de praticamente 14 bilhões de litros para 14,33 bilhões. O maior aumento, entretanto, aconteceu no faturamento, que saiu de R$ 20,9 bilhões [em 2008] para R$ 22,28 bilhões [em 2009]”, revelou.

 

Mas, é justamente o alto consumo esperado que vai representar um gargalo nas atividades do setor neste ano. Segundo Mozart, além da oscilação de preços do açúcar, o mercado interno sofre com deficit de latas de alumínio, em virtude do volume de embalagens vendidas para a indústria da cerveja. “A crise, no ano passado, fez o consumo inicialmente ser bem tímido, com a chegada do verão, houve picos de consumo que vem se mantendo nesses dois primeiros meses de 2010”, avaliou.

 

Aumento da demanda pegou indústria de latas desprevenida

 

O aumento repentino da demanda pegou desprevenida a indústria de latas, que agora enfrenta um deficit de 1,5 bilhões de unidades, que deve perdurar até abril ou maio, segundo previsão da associação dos fabricantes de latas.

 

Em Manaus, só a Coca-Cola produziu praticamente 68 milhões de latas de Coca-Cola Classic em 2007. São cerca de 24,7 bilhões de latas a cada ano. Isso sem contar as versões tradicionais do refrigerante e a moderna Coca Zero. Levando em conta esse contexto, o professor doutor em economia pela FGV, Álvaro Smont, calcula que esse déficit de latas deve chegar a cerca de 200 milhões. “Nada que deva atrapalhar gigantes como Coca-cola e Pepsi, que devem ter contratos de fornecimentos particulares, mas com certeza vai influenciar as menores”, considerou.

 

Coca-Cola, AmBev, Pepsi e Schincariol anunciaram para este ano investimentos que ultrapassam os R$ 6 bilhões. Com isso, o país, hoje quarto maior produtor de refrigerantes do mundo (empatado com a China e atrás de Estados Unidos, Europa e México), tem chance de melhorar a posição no ranking de consumo per capita, onde amarga a 19ª posição.

 

Veículo: Diário Catarinense


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