Panificadores descartam reajuste geral de preços

Leia em 3min 10s

Se realmente ocorrer a sobretaxação ao produto dos EUA, não deve acarretar prejuízo para as indústrias alimentícias.

 

Mesmo com a sobretaxação do trigo norte-americano, que poderá impactar de forma negativa nos preços dos derivados do trigo, como principalmente as massas e os pães, representantes da indústria panificadora de Belo Horizonte não pretendem reajustar o preço do pão francês.

 

De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Panificação de Confeitaria (Abip), José Batista de Oliveira, dois fatores inibem o reajuste. O primeiro deles é o fato de o Brasil produzir 60% de todo o trigo que consome. O outro é que os estoques do insumo no país estão abastecidos.

 

"Nosso maior fornecedor de trigo é a Argentina. Apenas 2% do insumo importado é proveniente dos Estados Unidos. Se realmente acontecer a sobretaxação, não vai haver tanto prejuízo para as indústrias alimentícias nem interferência no preço do pão francês", afirmou.

 

As opiniões e expectativas de empresários do segmento consultados pela reportagem apontam para uma estabilidade no preço do pão francês. O socioproprietário da Padaria Ki Pão Bão, com uma das unidades no bairro Padre Eustáquio, região Noroeste da Capital, Gustavo Schultz, por exemplo, não pretende repassar o reajuste, caso a indústria seja atingida pela sobretaxação do trigo.

 

"Na verdade, precisei reajustar o preço do pão em 10% no início do ano, devido à defasagem de arrecadação e ao aumento de gastos do período. Assim, não vou realizar nenhum tipo de aumento nos próximos meses", disse. A Ki Pão Bão conta com cerca de 150 itens em seu mix de produtos e, segundo Schultz, o pão francês responde por cerca de 15% das vendas da padaria.

 

Prioridade - Na Padaria Café da Manhã, situada no bairro Esplanada, região Leste da Capital, a previsão também é de que não haja reajuste no preço do pão francês. Segundo Oliveira, que também é proprietário da empresa, não haverá motivos para acrescer o preço do produto.

 

"No entanto, um dos grandes problemas que o setor enfrenta hoje é a questão da mão de obra qualificada. Atualmente, na Café da Manhã e nas demais padarias da rede nos preocupamos com a qualidade do atendimento e diversidade dos produtos. O aumento dos preços não é prioridade", destacou. Na rede são fabricados cerca de 150 produtos diferentes, além da oferta de uma variedade de itens de conveniência. Conforme Oliveira, o pão francês é responsável por 20% das vendas.

 

Já para o dono da Padaria Roma Plus, que possui quatro unidades em diversas regiões de Belo Horizonte, José Luiz de Oliveira, a sobretaxação do trigo não passa de mera especulação. Porém, segundo ele, é preciso aguardar as decisões definitivas para decidir quanto ao repasse ao consumidor.

 

"Há mais de um ano não aumentamos o preço do quilo do pão em nossa padaria. Por isso, havendo este reajuste, talvez seja preciso alterar o preço final", justificou.

 

Ainda conforme Luiz de Oliveira, a rede possui uma variação expressiva de produtos, inclusive com itens de fabricação própria. De acordo com ele, somente a média de produtos de panificação da rede gira em torno de 600 unidades, e o pão francês é o carro-chefe dos negócios, responsável por 30% das vendas de panificação.

 

"O pãozinho responde pela maioria do nosso faturamento. Ao mesmo tempo, quando tem o valor de seus insumos ou mão de obra reajustado, impacta diretamente nos negócios, pois são também produzidos em maior escala", explicou.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG

 


Veja também

Avon almeja conquistar clientes com maior poder aquisitivo

Presidente da empresa descarta vendas on-line e diz que lançamentos devem sustentar crescimento   No momen...

Veja mais
Embarques de lácteos caem em volume e em receita

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), analisa...

Veja mais
Cremer investe em produção têxtil e busca aquisições

A catarinense Cremer, da área de produtos de saúde, está investindo R$ 11,6 milhões na refor...

Veja mais
Conveniência vira meta para o Pão de Açúcar

A rede de supermercados francesa Carrefour, com oito lojas de conveniência em postos de gasolina com bandeira da e...

Veja mais
Polo de alimentos e bebidas aposta no mercado regional

Empresas esperam se recuperar do tombo de 2009 e crescer 10,6%   Após a freada de 7,52% no ritmo de invest...

Veja mais
Nestlé na Agrogestão

O futuro da cadeia do leite no Brasil e no mundo será o tema abordado pelo diretor da Nestlé/DPA – D...

Veja mais
Marisol busca companheiros para Lilica Ripilica

Além de aquisições, grupo planeja investir R$ 140 milhões em aumento de produçã...

Veja mais
Centro-Oeste vive novo ciclo de investimentos no setor de alimentos

A vocação natural dos chapadões de Goiás para o agronegócio tem estimulado uma nova o...

Veja mais
Mercado dividido sobre aumento do pão

Com a alta de 30% na tarifa de importação do trigo, como retaliação aos EUA, mercado se divi...

Veja mais