Se realmente ocorrer a sobretaxação ao produto dos EUA, não deve acarretar prejuízo para as indústrias alimentícias.
Mesmo com a sobretaxação do trigo norte-americano, que poderá impactar de forma negativa nos preços dos derivados do trigo, como principalmente as massas e os pães, representantes da indústria panificadora de Belo Horizonte não pretendem reajustar o preço do pão francês.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Panificação de Confeitaria (Abip), José Batista de Oliveira, dois fatores inibem o reajuste. O primeiro deles é o fato de o Brasil produzir 60% de todo o trigo que consome. O outro é que os estoques do insumo no país estão abastecidos.
"Nosso maior fornecedor de trigo é a Argentina. Apenas 2% do insumo importado é proveniente dos Estados Unidos. Se realmente acontecer a sobretaxação, não vai haver tanto prejuízo para as indústrias alimentícias nem interferência no preço do pão francês", afirmou.
As opiniões e expectativas de empresários do segmento consultados pela reportagem apontam para uma estabilidade no preço do pão francês. O socioproprietário da Padaria Ki Pão Bão, com uma das unidades no bairro Padre Eustáquio, região Noroeste da Capital, Gustavo Schultz, por exemplo, não pretende repassar o reajuste, caso a indústria seja atingida pela sobretaxação do trigo.
"Na verdade, precisei reajustar o preço do pão em 10% no início do ano, devido à defasagem de arrecadação e ao aumento de gastos do período. Assim, não vou realizar nenhum tipo de aumento nos próximos meses", disse. A Ki Pão Bão conta com cerca de 150 itens em seu mix de produtos e, segundo Schultz, o pão francês responde por cerca de 15% das vendas da padaria.
Prioridade - Na Padaria Café da Manhã, situada no bairro Esplanada, região Leste da Capital, a previsão também é de que não haja reajuste no preço do pão francês. Segundo Oliveira, que também é proprietário da empresa, não haverá motivos para acrescer o preço do produto.
"No entanto, um dos grandes problemas que o setor enfrenta hoje é a questão da mão de obra qualificada. Atualmente, na Café da Manhã e nas demais padarias da rede nos preocupamos com a qualidade do atendimento e diversidade dos produtos. O aumento dos preços não é prioridade", destacou. Na rede são fabricados cerca de 150 produtos diferentes, além da oferta de uma variedade de itens de conveniência. Conforme Oliveira, o pão francês é responsável por 20% das vendas.
Já para o dono da Padaria Roma Plus, que possui quatro unidades em diversas regiões de Belo Horizonte, José Luiz de Oliveira, a sobretaxação do trigo não passa de mera especulação. Porém, segundo ele, é preciso aguardar as decisões definitivas para decidir quanto ao repasse ao consumidor.
"Há mais de um ano não aumentamos o preço do quilo do pão em nossa padaria. Por isso, havendo este reajuste, talvez seja preciso alterar o preço final", justificou.
Ainda conforme Luiz de Oliveira, a rede possui uma variação expressiva de produtos, inclusive com itens de fabricação própria. De acordo com ele, somente a média de produtos de panificação da rede gira em torno de 600 unidades, e o pão francês é o carro-chefe dos negócios, responsável por 30% das vendas de panificação.
"O pãozinho responde pela maioria do nosso faturamento. Ao mesmo tempo, quando tem o valor de seus insumos ou mão de obra reajustado, impacta diretamente nos negócios, pois são também produzidos em maior escala", explicou.
Veículo: Diário do Comércio - MG