Líderes do varejo têm lucro recorde e investem

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Com a economia em alta, as duas principais empresas do ramo de shopping centers foram as que tiveram o maior crescimento do resultado consolidado de 2009. Animada com números, a BR Malls praticamente dobrou seu lucro líquido, chegando a R$ 1,090 bilhão, valor considerado recorde pela companhia, que anunciou que deve investir R$ 500 milhões em aquisições neste ano - valor próximo do lucro de R$ 534,3 milhões apresentado pela empresa em 2008. A concorrente Multiplan apresentou lucro líquido de R$ 171,449 milhões, com alta de 121,5% no mesmo período e também promete ampliar investimentos em 2010. Além das líderes do setor de shoppings, líderes varejistas e atacadistas de outras áreas, como Grupo Pão de Açúcar, Renner e aProfarma, também comemoram seus resultados e prometem maiores investimentos.

 

De olho nas projeções mais do que otimistas para as vendas no comércio este ano, todas as companhias prometem acirrar a disputa para ganhar a preferência dos consumidores e a tender à demanda por consumo em ano de Copa do Mundo, na África do Sul e, principalmente com o aumento de 5% na oferta de crédito em fevereiro.

 

A BR Malls, por exemplo, pretende concluir cinco projetos greenfield em desenvolvimento - dois deles devem ser inaugurados este ano e três outros, nos próximos anos. A empresa também tem em andamento a expansão de sete shoppings. No ano passado, foram entregues quatro expansões e foi adquirido um terreno na cidade de São Bernardo, em São Paulo. Com relação ao lucro líquido ajustado, a empresa teve crescimento ainda maior: 405,3%, ou seja, R$ 284,4 milhões diante de R$ 56,2 milhões um ano antes. A receita bruta da BR Malls também teve alta de 23,9%, alcançando R$ 429 milhões no passado, sobre R$ 346,3 milhões do ano anterior.

 

Segundo Carlos Medeiros, presidente da BRMalls, durante apresentação dos resultados, a empresa ainda está com forte geração de caixa, com R$ 1,1 bilhão em caixa, e realizou um empréstimo com o banco Santander para início das obras do shopping que será localizado em Sete Lagoas, Minas Gerais.

 

O executivo também destacou que a empresa atingiu a maior margem Ebitda (sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amorização): de 80%. Segundo ele, os shoppings adquiridos desde 2006 têm puxado o crescimento da companhia. "Têm crescido 23% ano a ano e acima do projetado." A taxa de ocupação dos shoppings também terminou em quase 88%, a melhor registrada até então.

 

Ao contrário de sua concorrente, a Multiplan, dona, por exemplo, do Morumbi Shopping, na capital, que apresentou crescimento de 121,5% nos resultados de 2009, prefere investir em novos empreendimentos, não em aquisições, mas não as descarta. No momento, a empresa tem quatro projetos em andamento, que podem agregar 30% de ganho na receita operacional líquida da companhia apenas no primeiro ano de operação dos empreendimentos. Com a conclusão destes projetos, a Multiplan terá 118 mil m² de área bruta locável (ABL) adicionada ao seu portfólio.

 

Segundo o presidente da empresa, José Isaac Peres, em teleconferência ocorrida esta semana, a boa situação, o estoque de terrenos e as perspectivas do varejo devem ajudar. A administradora, que conta com 13 shoppings, registrou lucro líquido de R$ 171,449 milhões em 2009, crescimento de 121,5% em relação a 2008 (R$ 77,397 milhões). A receita bruta foi de R$ 574,739 milhões, um aumento de 26,9% sobre o montante de 2008.

 

Lojas

 

Outra líder de setor que apresentou resultados surpreendentes na receita líquida é o Grupo Pão de Açúcar (Companhia Brasileira de Distribuição), do empresário Abílio Diniz e da varejista francesa Casino. Recentemente a rede divulgou alta de 129% do lucro líquido, que chegou a 597,5 milhões no consolidado do ano. Nos próximos três anos a empresa vai investir R$ 5 bilhões para viabilizar sua expansão orgânica, porém não descarta fusões e aquisições, como a incorporação do Ponto Frio e das Casas Bahia, no ano passado.

 

Na mesma linha, a rede de vestuário Renner também apresentou lucro de R$ 189,6 milhões ano ano passado, valor 16,7% maior do que o de 2008, e pretende investir R$ 140 milhões em seu projeto de crescimento, que inclui a abertura de 12 novas unidades. Este ano, o foco da empresa será a abertura de lojas de rua em São Paulo, modalidade inédita da rede no estado.

 

Medicamentos

 

O setor de medicamentos, também apresenta resultados interessantes e, segundo consultores de mercado, deve ter alta de 10%, número considerado expressivo para o setor, em 2010. Neste campo, a Profarma, que é a terceira maior atacadista farmacêutica do País e a única de capital aberto, afirma que já começou o ano com resultados expressivos e pretende ampliar o seu market share, que hoje é de 11,6%. "Queremos sempre crescer acima do mercado e o setor já deve crescer o dobro do Produto Interno Bruto (PIB)", afirma Max Fischer, diretor financeiro e de relações com investidores da Profarma.

 

A empresa terminou 2009 com lucro líquido 68% superior ao do ano anterior e atingiu R$ 53,2 milhões, com margem líquida de 2,1%, a maior dos últimos sete anos para a companhia. Também houve recorde de geração operacional de caixa de R$ 80,2 milhões, enquanto sua receita bruta alcançou R$ 3 bilhões em 2009, diante de R$ 2,9 bilhões em 2008.

 

Vendas do comércio varejista sobem

 

As vendas no varejo tiveram alta acima das expectativas do mercado e cresceram 10,40% na comparação de janeiro deste ano com o mesmo mês de 2009, divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado confirma o otimismo do setor. Antes do anúncio, projeções de economistas variavam de 7,00% a 9,40% com mediana de 8,60%. Em 12 meses, as vendas do setor acumulam alta de 6,2%. Se comparada com dezembro do ano passado, a alta foi de 2,70%, resultado também acima das estimativas dos analistas de mercado de 0,8% a 2,00%, com mediana de 1,40%. Na comparação com janeiro de 2009, as vendas do varejo ampliado aumentaram 10,3% em janeiro deste ano.

 

O IBGE informou também que revisou para baixo o volume de vendas do comércio varejista de dezembro ante novembro. A taxa foi revisada de -0,4% para -0,7%. Já as vendas do comércio varejista ampliado, que inclui automóveis e material de construção, subiram 0,8% em janeiro deste ano em relação a dezembro.

 

Nesta base de comparação, as vendas de veículos e motos, partes e peças aumentaram 0,7%, enquanto as de material de construção tiveram alta de 1,9%.

 

Veículo: DCI


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