Brasileiro consome 30% de leite sem qualquer inspeção

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Calculando por baixo, pelo menos sete bilhões de litros de leite produzidos no Brasil este ano não passaram e nem vão passar por qualquer tipo de inspeção. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estima-se que 20,57 bilhões de leite devem ser inspecionados em 2008, e a produção da bebida já ultrapassou a barreira dos 27 bilhões. No ano passado, apenas 17,89 bilhões de litros de um total superior a 25 bilhões foram fiscalizados.

 

Conforme explica o coordenador-geral de inspeção do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Mapa, Marcius Ribeiro de Freitas, cerca de 16 bilhões de litros encontram-se sob inspeção federal. Segundo ele, a parcela restante, que representa cerca de 30% da produção, não é submetida à inspeções oficiais do Ministério. "Ainda existe o hábito de consumir leite cru, especialmente no Norte e no Nordeste", diz Freitas.

 

Amanhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve divulgar o segundo balanço trimestral do volume de leite captado pelas indústrias do país - referente aos meses de abril, maio e junho -, e pode haver variação na estimativa projetada pelo Mapa. Uma fonte do setor consultada sobre essa informalidade declarada e a que ainda está por vir, comenta que os números carregam milhares de doenças infecciosas prejudiciais à saúde do homem.

 

Se o montante de leite que é bebido hoje sem inspeção e conseqüentemente sem tratamento já é grande, há alguns anos era ainda maior. Carlos Humberto Carvalho, presidente do Conselho Nacional da Indústria de Laticínios, lembra que o índice antigamente era de 50%. "É claro que a indústria gostaria que tudo passasse pela mão dela, principalmente em Minas Gerais e no Sul do País onde a taxa de leite informal supera os 30%", pontua.

 

Ainda de acordo com ele, apesar do setor não ter sentido uma redução relevante do ano passado para este ano do montante de leite inspecionado, existe uma tendência de que essa porcentagem diminua gradativamente ao longo dos próximos anos. "É só a fiscalização aumentar e os impostos diminuirem. Em São Paulo por exemplo o leite pasteurizado tem alíquota zero", explica Carvalho.

 

Em todo o Brasil, a bebida taxada representa um acúmulo de cerca de 20 a 30% do faturamento em impostos. Em alguns produtos derivados do leite mais sofisticados a taxação é superior a 35%.

 

De acordo com os dados do Leite Brasil, no ano corrente houve um aumento da produção de aproximadamente 7.8% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto isso, a captação das indústrias cresceu 21.6%, o que segundo Jorge Rudez, presidente do referente sindicato, aponta para a redução da informalidade em 2008 em relação a 2007.

 

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a produção de leite é a atividade que possui a maior distribuição de renda às famílias. A maior bacia leiteira está em Minas Gerias, em segundo lugar aparece o Rio Grande do Sul. O Estado ocupa a segunda colocação entre os produtores de lácteos do Brasil, devendo chegar neste ano a 3 bilhões de litros. O consumo de leite entre os gaúchos é de 180 litros/per capita, superior ao do País, que gira em torno de 141 litros. Mas o grau de consumo da bebida, inspecionada ou não, fica ainda abaixo do consumo ideal indicado pela Organização Mundial da Saúde, que é de 217 litros/ano.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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