Política do menor preço e mais lojas esquentam disputa pela liderança

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Maria do Socorro Brito Lyra nunca sai às compras em São Paulo sem os folhetos de promoções. Cada uma das três maiores varejistas de alimentos do país promete igualar o menor preço oferecido pelos concorrentes, casos os compradores surjam armados com os circulares de propaganda dos rivais. "Sempre pago o menor preço", diz a professora, abanando um punhado de folhetos, enquanto aguarda no caixa do Walmart.

 

Nesta que é a mais aberta das grandes economias emergentes, as duas maiores redes de supermercados do mundo e uma rival doméstica lutam pelo primeiro lugar. A liderança é do Grupo Pão de Açúcar, com receita de US$ 13 bilhões em 2009. Logo atrás, vem o Carrefour, da França, com US$ 12,6 bilhões no ano passado. Em terceiro lugar, mas com grande impulso, está a maior varejista mundial, Walmart, que opera sob várias bandeiras no Brasil, onde faturou US$ 9,5 bilhões em 2009.

 

As três planejam investir grandes somas nos próximos anos. À medida que a classe média se expande no Brasil, os gastos anuais em alimentos deverão subir 50% nos próximos cinco anos, para US$ 406 bilhões, segundo o analista Carlos Hernandez, da consultoria Planet Retail. Entre os Brics, o Brasil apresenta menos barreiras comerciais do que Rússia, Índia e China.

 

O Walmart, líder no México, almeja assumir a segunda ou primeira posição no Brasil. A varejista, com sede nos EUA, pretende investir US$ 1,2 bilhão em 2010 para abrir 110 novas lojas no Brasil, agregando-as às 436 que já opera. Também poderia sondar alguma aquisição, diz o presidente do Walmart Brasil, Héctor Núñez. "Temos um plano muito, muito claro para vencer aqui no Brasil", diz. "Estamos investindo pesadamente para começar a ter uma presença muito mais sólida e persuasiva."

 

A rede dos EUA abre sua torneira de dinheiro em um momento em que o Carrefour enfrenta a recessão na Europa, onde obtém 80% de suas receitas. O aumento anual médio das vendas da rede francesa em seu mercado doméstico foi inferior a 1% nos últimos dez anos. Para defender sua posição no Brasil, planeja gastar US$ 1,4 bilhão nos próximos dois anos. A meta: inaugurar 70 lojas no Brasil e dobrar a participação do país nas vendas totais da empresa para 20% até 2015. O Pão de Açúcar, que tem 34% do capital em mãos da rede de supermercados francesa Casino, divulga que investirá US$ 2,8 bilhões para somar 300 novas lojas às 1.080 que já possui, até 2012.

 

Enquanto aumenta a disputa pelos consumidores, o Carrefour pode enfrentar dificuldades para conter a investida do Walmart. A companhia americana vem investindo mais do que a rival no Brasil e ainda assim usa menos de 10% de seu orçamento de capital total. O Carrefour despeja 20% de seu orçamento na América Latina. Se o Walmart continuar nos trilhos "inevitavelmente tomará o comando da região e se tornará a número um", prevê o analista James Monro, da Standard & Poor´s.

 

Veículo: Valor Econômico

 


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