Paul Polman, executivo-chefe da Unilever, juntou-se ao número crescente de líderes empresariais que afirmam que o "patrimônio do acionista" é uma meta equivocada e potencialmente perigosa para as companhias perseguirem.
Numa entrevista ao "Financial Times", Polman disse: "Para ser sincero, eu não trabalho para o acionista; trabalho para o consumidor, o cliente... Não sou conduzido por esse modelo de negócios, nem o conduzo, motivado pelo patrimônio do acionista".
Os comentários de Polman refletem os pontos de vista de Jack Welch, o ex-executivo-chefe da General Electric (GE) e pai do movimento do patrimônio do acionista ("shareholder value" em inglês), que disse ao "Financial Times" no ano passado que "diante disso, o patrimônio do acionista é a ideia mais idiota do mundo".
O esforço para aumentar os retornos para os acionistas às custas dos outros detentores de participações vem sendo criticado por outros empresários importantes, na esteira da crise econômica mundial, por se concentrar demais no curto prazo.
Polman assumiu o comando da Unilever no começo de 2009, após ser criticado por anos por investidores da City de Londres pelo lento crescimento da companhia. Desde então, ele reorganizou a cúpula administrativa e vem conduzindo planos para recuperar as marcas com desempenhos insatisfatórios.
Polman disse que os acionistas beneficiam-se da atenção que ele dedica aos clientes. "Dirijo este modelo de negócios me concentrando no consumidor e no cliente de uma maneira responsável... E eu sei que assim o valor para o acionista pode ser criado."
O preço da ação da Unilever subiu de menos de 13 libras para quase 20 libras em 12 meses. "É fácil ser um herói de curto prazo", disse Polman. "É muito fácil para mim obter resultados tremendos no curtíssimo prazo, transformar isso em compensação e partir para as Bahamas."
Veículo: Valor Econômico