Empresas brasileiras do setor apostam na parceria público-privada para gerar novos negócios.
Terminado o verão, período em que se consome 70% da produção anual de sorvete, a Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete (Abis) permanece otimista com relação ao consumo não sazonal e prevê que o setor consiga atingir 1 bilhão de litros até o final deste ano. Tendo como base o crescimento contínuo nos últimos anos, o presidente da entidade, Eduardo Weisberg, acredita que o segmento conseguirá ultrapassar os 998 milhões de litros registrados em 2009, quando o mercado ficou 3% acima dos números de 2008.
Investimentos feitos pelas indústrias em desenvolvimento tecnológico e novos estudos nutricionais e diversas ações empreendidas pela Abis ao longo dos últimos anos prepararam o setor para atingir esta meta. Entre as principais ações está um projeto de exportação e aumento do mercado nacional, através da Alimentação Escolar, elaborado pela Abis, que estabelece um convênio com a GTZ - Agência Alemã de Cooperação Técnica, que atua apoiando agricultores familiares do Semi-Árido Nordestino e das Florestas Tropicais. A ideia é que eles passem a produzir polpas de frutas em conformidade com os padrões estabelecidos pelo Selo Abis de Qualidade para fornecer às indústrias de sorvetes, especialmente as interessadas em abrir novos mercados no exterior e no Brasil.
Com este convênio, a associação espera fortalecer a parceria entre os Empreendimentos da Agricultura Familiar (EAF) com as empresas do setor, capacitar a cadeia produtiva, melhorar a qualidade das polpas, garantir a segurança durante o processo produtivo e agregar credibilidade através das questões de responsabilidade social, ambiental e sustentabilidade. "Com isso esperamos gerar um impacto social e econômico a favor do desenvolvimento do setor de sorvetes e dos EAFs no Brasil", completou Weisberg.
Hoje, o mercado de sorvetes no Brasil, que movimenta cerca de R$ 2 bilhões por ano, é representado por 10 mil fabricantes, 90% dos quais micro e pequenas empresas, que geram 100 mil empregos diretos.
Segundo Weisberg, o setor de sorvetes no Brasil tem capacidade de atender o mercado durante o ano todo da mesma forma que atende no verão. "Infelizmente os brasileiros foram educados a acreditar que tomar sorvete no inverno faz mal, provoca gripes e resfriados. uma ideia falsa, pois o tempo mais frio não impede o consumo e tampouco provoca qualquer mal à saúde."
Expansão - Os números mostram que, aos poucos, esta mudança cultural está sendo atingida: entre 2002, ano de fundação da Abis, e 2009, o consumo total de sorvetes no Brasil cresceu 39,5%, passando de 713 milhões de litros/ano para 995 milhões de litros/ano, enquanto o consumo per capita teve um aumento de 28,71%, passando de 4,04 para 5,20 litros/ano.
Hoje os picolés representam 19% deste mercado, ou seja, aproximadamente 191 milhões de litros. O sorvete soft também vem crescendo no mix: atualmente são produzidos 89 milhões de litros, o que significa 9% do mercado. Os sorvetes de massa são responsáveis por um volume estimado de 718 milhões de litros, 72% do total.
De acordo com dados do Euromonitor, os 10 sabores mais consumidos no mundo são: chocolate (21%), baunilha (13,7%), morango (6,3%), caramelo (4%), limão (3,1%), framboesa (2,5%), laranja (2,5%), café (2,4%), foundant (2,2%) e amêndoa (2%). No Brasil o ranking é um pouco diferente: chocolate (28,8%), baunilha (10,3%), morango (9%), creme (3,8%), caramelo (3%), coco (3%), abacaxi (2,2%), passas (2,2%), maracujá (1,9%) e rum (1,9%).
Alimento - A Abis vem trabalhado em busca de uma conscientização popular de que o sorvete não é apenas uma guloseima, mas sim um alimento nutritivo e que pode fazer parte do cardápio do dia a dia do brasileiro. " um alimento completo, pois contém proteínas, açúcares, gordura vegetal e/ou animal, vitaminas A, B1, B2, B6, C, D, K, cálcio, fósforo e outros minerais essenciais em uma nutrição balanceada", disse Weisberg.
A tendência do setor aponta para a entrada definitiva do produto no rol dos alimentos lácteos, já que os sorvetes podem atingir 135mg/100g de cálcio, o que representa de 8% a 16% da dose diária recomendada. Uma opção principalmente para as pessoas que por hábito, gosto ou intolerância à lactose, não ingerem lacticínios na quantidade necessária. E para quem gosta de associar saúde e prazer.
Veículo: Diário do Comércio - MG