Matéria-prima sobe e já pressiona os custos

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Alta do aço, do cobre, das resinas plásticas e do algodão é apontada como fator de risco de novas pressões inflacionárias

 

A retomada da economia mundial, puxada especialmente pela China, elevou os preços de commodities como algodão, cobre, minério de ferro e resinas plásticas no mercado internacional e já provoca alta de custos em várias cadeias produtivas da indústria nacional. Apesar disso, esses aumentos ainda não se traduziram em pressões inflacionárias.

 

Na Bolsa de Nova York, o preço do algodão, por exemplo, subiu cerca de 40% em dólar nos últimos 12 meses, por causa da redução da oferta do produto e alta da demanda chinesa. Com isso, o fio de algodão encareceu entre 5% e 6% em reais este ano.

 

"Desde janeiro, estamos aumentando entre 7% e 8% o preço do denim (tecido de algodão usado no jeans)", diz Antônio Sampaio, gerente de negócios da Santana Textiles, com três fábricas de denim no País. Ele explica que, pelo fato de estarem estocadas e terem o apoio de grandes varejistas do setor de vestuário, as confecções até agora rechaçaram os aumentos de preços do tecido.

 

"Há necessidade de repasse da alta de custos para os preços. Isso está sendo discutido dentro da cadeia produtiva, mas não acredito que chegue ao consumidor na coleção de inverno, pois ela já está contratada. Acho que vai ter impacto só no verão", diz o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Fernando Pimentel.

 

Aço, plástico e cobre. Em matérias-primas como aço, resinas plásticas (polipropileno) e fios de cobre, usadas na produção de fogões, geladeiras, eletroportáteis e veículos, o quadro é semelhante. A Usiminas, por exemplo, aumentou entre 11% e 15% o preço do aço este mês, em resposta à alta de 90% da cotação do minério de ferro.

 

A Mabe, que produz eletrodomésticos da linha branca, teve reajuste médio de 12% no preço do aço. A empresa informa que deve elevar os preços dos eletrodomésticos a partir de maio, mas pondera que negocia adiar os aumentos.

 

"Estamos sentido, e muito, a pressão de custos", diz outro fabricante de eletrodomésticos, que prefere não ser identificado. Além do aço, ele conta que o fio de cobre subiu 9% em reais este ano.

 

O preço do polipropileno, resina plástica derivada do petróleo e usada na produção do gabinete de eletrodomésticos, aumentou neste início de ano entre 15% e 20%. Segundo a fonte, essas altas indicam que, depois da crise, "o mundo está voltando à normalidade, ao patamar de preços de setembro de 2008".

 

A Braskem, que recentemente se uniu à Quattor, formando um grande conglomerado na produção de resinas plásticas, confirma que reajustou os preços este ano, mas diz que o aumento foi inferior aos porcentuais revelados pelos clientes. De acordo com a empresa, o reajuste das resinas no mercado doméstico ocorreu porque o produto é uma commodity que tem as cotações balizadas pelo mercado internacional. Com a recuperação dos EUA, os preços das resinas subiram.

 

O maior obstáculo apontado pela indústria de bens de consumo para repassar os aumentos de preços são os grandes conglomerados varejistas formados nos últimos meses.

 

Veículo: O Estado de São Paulo


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