Café do oeste da Bahia atrai gigantes do setor à região

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A região do oeste baiano, que produz café há cerca de 15 anos, está na mira de novos compradores neste ano. Grupos tradicionais como o Sara Lee Cafés do Brasil S.A., illycaffè do Brasil e uma multinacional com sede em Santos - que não quis se identificar - fizeram recentemente uma missão de reconhecimento à região. Segundo a Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia (Abacafé), é esperada uma safra de 600 mil sacas, o equivalente a 36 mil toneladas, até o fim de 2010.

 

Para Nelson Carvalhaes, sócio diretor do Porto de Santos Comércio e Exportação, entidade sócia da illycaffè, a modernidade da região é um dos principais motivos para atrair compradores. "Ano passado retomamos os negócios [com a região]. É uma região dinâmica e mecanizada", afirmou o sócio diretor.

 

As negociações com o oeste baiano voltaram a fazer parte dos planos da illy, conforme atestou Carvalhaes, em virtude da produção do café fino. "Agora, eles [produtores] estão investindo no café cereja descascado [fino], o qual nos interessa muito, e que não tinha antes", completou Carvalhaes. Ele não revelou quanto deve ser adquirido em sacas da região pela empresa. O executivo disse também que a illycaffè Brasil espera comprar 10% a mais em relação ao último ano.

 

Outro investidor que retomou as conversas com o oeste baiano foi o Grupo Sara Lee. No ano passado, a companhia adquiriu sacas de café da região. Para este ano, uma nova missão foi realizada. Procurada pelo DCI, a empresa não se manifestou. Uma multinacional instalada no litoral sul de São Paulo também enviou representantes à região, na semana passada. Um dos investidores presentes disse: "A Bahia mostra muito potencial de produção, e o oeste baiano é caracterizado pela qualidade do café. Visto isso, fomos ao local conferir", afirmou. No Brasil, grande parte da produção é feita manualmente, em terrenos montanhosos, onde torna-se difícil instalar a mecanização. Ivanir Maia, diretor executivo da Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia (Abacafé), destacou que a região está acima da média de produção do Brasil. "A média da região está em 45 sacas por hectare, enquanto a [média] brasileira é de 20 sacas." Ainda de acordo com Maia, o oeste da Bahia pode chegar a até 100 sacas por hectare.

 

Além disso, o topografia da região também se destaca. "Pode-se considerar que o terreno do oeste baiano é 100% plano. Por isso, o sistema de colheita é mecanizado, um grande diferencial", completou o executivo.

 

Segundo Maia, a nova safra, que é de agricultura irrigada, começou a ser colhida em abril e deve durar até meados de junho. O executivo contou ao DCI que o bom clima e a pouca interferência da chuva contribuíram, enquanto a seca no Espírito Santo, no período de enchimento do grão, e as fortes chuvas em Minas Gerais e em São Paulo, no início da florada, prejudicaram a produção do café. "Além disso, estamos investindo no processo de pós-colheita, qualificando diretamente quem está em contato com a cafeicultura, e mais na inovação tecnológica", contou.

 

Segundo números divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as estimativas para este ano são de que o Brasil produza, no máximo, 48.658 milhões de sacas de café. Em toda a Bahia devem ser colhidos 2.516 milhões de sacas. Deste montante, 30% é de café conilon, enquanto 70% é do tipo arábica.

 

Glauber de Castro, produtor rural da Fazenda Café Rio Branco, confia no potencial da região do oeste baiano. "Este ano, já tenho 60% de contratos vendidos", afirmou Castro.

 

O produtor conta que no ano passado conseguiu média de 63 sacas por hectare. Para 2010, a expectativa é atingir uma média de 45 sacas por hectare, queda devido ao ciclo bianual do café. A média de produtividade de Castro é de 55 sacas por hectare. De toda a produção, 60% correspondem a cafés finos, ante 35% do café lavado. "Essa produção é o que vem atraindo grandes compradores", disse. Atualmente, na região, a saca de café natural custa aproximadamente R$ 285, já o café fino (cereja descascado) chega a $ 310. O valor nacional da saca custa cerca de R$ 265. Segundo Castro, os custos com a produção, no geral, giram em torno de R$ 8.500 a R$ 9 mil por hectare.

 

Veículo: DCI


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