A rede mineira de supermercados Bretas, sétima maior do país, planeja investir cerca de R$ 100 milhões na abertura e reconfiguração de lojas até o final do próximo ano. As três primeiras novas unidades vão ser inauguradas até novembro e outras dez estão programadas para 2009.
Essa expansão ocorre em meio a uma acirrada disputa, pela liderança do setor supermercadista de Minas Gerais, entre o Bretas e o grupo DMA, dono das bandeiras Epa, ViaBrasil e Martplus.
Foi em 2004 que o Bretas perdeu a primazia para o concorrente. Com a aquisição da rede de hipermercados ViaBrasil, o DMA conseguiu elevar seu faturamento bruto de R$ 785 milhões para R$ 1,135 bilhão, suplantando o Bretas, que teve receita de R$ 1,016 bilhão naquele ano, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
No ano passado, o DMA conseguiu manter a liderança por uma pequena margem de diferença, da ordem de R$ 4 milhões: enquanto seu faturamento foi de R$ 1,541 bilhão, o do Bretas alcançou R$ 1,537 bilhão.
O Bretas, que conta hoje com oito mil empregados, surgiu a partir de um armazém de 170 metros quadrados aberto pelos irmãos Nilo, Zade, Ildeu, Sebastião e Ezio, em 1954, na pequena cidade de Santa Maria de Itabira, localizada a 114 quilômetros de Belo Horizonte. Em 1986, o pequeno armazém passou para o controle da segunda geração da família, dando largada à sua expansão. Atualmente, o grupo é comandado por 12 primos e irmãos, tendo à frente Estevam Duarte de Assis.
Enquanto o DMA concentra a sua rede, formada por mais de 80 lojas, em cidades da região metropolitana de Belo Horizonte e do Espírito Santo, o Bretas foca a atuação de suas 54 lojas em grandes e médios municípios do interior de Minas Gerais e em algumas localidades de Goiás.
O DMA tem uma estratégia segmentada, direcionando o Epa para o atendimento mais popular e o Martplus a um segmento de maior renda. O Bretas, por sua vez, optou pelo formato de "lojas de vizinhança", mais voltado para a classe média, embora conte também com seis unidades que operam como hipermercado, localizadas em Minas Gerais (Ipatinga, Uberaba e Juiz de Fora) e Goiás (Goiânia).
Bretas e DMA respondem, juntos, por cerca de 27% do faturamento bruto do setor supermercadista mineiro, de R$ 11,4 bilhões - montante que corresponde a 8,41% do total nacional, segundo dados de 2007.
Com a expansão programada, que conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Bretas espera ampliar o faturamento bruto em quase 28% em 2009, alcançando o volume de R$ 2,3 bilhões. Neste ano, a expectativa é apurar receita da ordem de R$ 1,8 bilhão, 17% acima do verificado em 2007.
Do investimento de R$ 100 milhões previsto pelo Bretas, R$ 20 milhões estão sendo aportados agora, para a abertura de duas lojas em Uberlândia (MG) e outra em Catalão (GO), a serem inauguradas em outubro e novembro. Para o próximo ano, o grupo planeja desembolsar cerca de R$ 70 milhões para a instalação de mais 10 unidades.
A expansão da rede em 2009 abrangerá diversas cidades da base de atuação geográfica do Bretas, que não opera em Belo Horizonte. Já está definida a abertura de lojas nos municípios mineiros de Uberlândia, Varginha e Ipatinga, bem como em Goiânia (GO), segundo Lastênia Duarte, gerente de marketing e uma das controladoras do grupo.
A primeira dessa leva de lojas será inaugurada em maio, em Uberlândia, fortalecendo a posição do Bretas no Triângulo Mineiro, uma das regiões mais prósperas do Estado. Atualmente, 12 das 54 unidades do grupo estão sediadas naquela área - duas em Patos de Minas, quatro em Uberaba e seis em Uberlândia. "As nossas pesquisas de mercado apontam a região como bastante atrativa", afirma Lastênia Duarte.
Mais R$ 10 milhões serão investidos pelo Bretas para remodelar operações, com a mudança de pontos e a construção de novas instalações, na capital goiana e nas cidades mineiras de Ipatinga e Montes Claros.
Embora conte com lojas em formato de hipermercado, o Bretas vai privilegiar a implantação de estabelecimentos que ocupem área média de vendas de 3,3 mil metros quadrados. "Com essas dimensões, a loja é mais funcional, porque pode ser localizada mais próxima dos clientes", observa Lastênia Duarte.
Veículo: Valor Econômico