Compra conjunta reduz custos de fabricantes de massas em até 30%

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A disparada do preço do trigo, que chegou a custar US$ 450 a tonelada, pegou de surpresa as indústrias de massa do Brasil, que reajustaram os preços duas vezes, totalizando alta de 25% nos preços do varejo no início deste ano. Diante dessa situação, a Associação Brasileira das Fabricantes de Massas (Abima), organizou uma central de compras para buscar, em parceria, preços de insumos mais baixos no mercado. A iniciativa, formalizada em maio, passou a funcionar em julho, e já dá resultados.

 

Até setembro, as 20 empresas que participam da central compraram um total de R$ 1,2 milhão através do mecanismo. A economia, segundo Claudio Zanão, presidente da Abima, foi de 20%. A expectativa é terminar o ano com R$ 8 milhões em compras e quadruplicar esse valor em 2009. "Pretendemos alcançar em torno de R$ 30 milhões em compras no próximo ano", disse Zanão.

 

Além de farinha, as indústrias compraram outras matérias-primas também, como ovos líquidos e em pó. Segundo Zanão, entre as empresas que participaram da compra dos ovos está o grupo Selmi, que economizou até 30% com a compra conjugada.

 

O presidente da Abima acredita que a central de compras deve continuar crescendo. Além dos 20 fabricantes que já são membros, outros dez estão em fase de habilitação para fazer parte do grupo. "Até mesmo os fabricantes que não são associados da Abima estão nos procurando", disse. No total, 50 empresas são associadas da Abima. Todo o processo de compra é realizado através de um software desenvolvido especificamente para as necessidades da Abima, mantendo o sigilo dos que compram através da central.

 

Recuperação

 

Depois de um primeiro semestre fraco por conta dos reajustes, que impactaram no consumo de massa no Brasil, Zanão acredita que o segundo semestre será de recuperação e espera fechar o ano com alta de 5% em faturamento e produção em relação a 2007. No ano passado, o setor fechou com produção de 1,27 mil toneladas, ante 1,21 mil toneladas de 2006, e faturamento de R$ 4,52 milhões, ante R$ 4,35 milhões do ano anterior.

 

Na expectativa da Abima, a tonelada do trigo, que fechou o ano passado custando, em média, US$ 350, deve fechar esse ano com preço médio de US$ 250, de acordo com estimativas da Abima. Essa queda já está sendo repassada no preço final das massas. Cézar Tavares, vice-presidente da mineira Vilma Alimentos, contou que os preços dos produtos da empresa já começaram a cair. "A queda do preço do macarrão para o consumidor ficou na ordem de 4%", disse.

 

Apesar dos sinais de estabilização do preço do trigo, tanto Tavarez quanto Zanão são cautelosos em relação a quedas ainda maiores. "Vai depender do câmbio", disse Tavarez.

 

Crise financeira

 

Apesar da crise financeira nos Estados Unidos causar temores ao redor do mundo, Tavares acredita que o mercado consumidor brasileiro não deve ser impactado no curto prazo. "Não acredito que estamos blindados contra a crise, mas estamos numa posição que não seremos duramente afetados", afirmou. "Nós já passamos crises piores, como quando enfrentávamos 80% de inflação ao mês", disse.

 

Essa confiança é reflexo dos resultados da empresa. Segundo Tavares, a Vilma está investindo para atingir produção de 12 mil toneladas por mês até 2010. Hoje, a empresa tem produção de 6 mil toneladas por mês. O faturamento da empresa deve passar de R$ 353 milhões em 2007 para R$ 415 milhões este ano. Mais do que a crise internacional, Tavares afirmou que o maior desafio das indústrias é driblar o endividamento do consumidor. "O poder de compra está achatado", disse.

 

Para Zanão, o risco da crise chegar ao Brasil existe, mas ainda é cedo para prever quais serão os impactos. "É impossível dizer que a crise não vai respingar no Brasil, mas o setor, por comercializar produtos baratos e tradicionais, é mais difícil de ser atingido diretamente", afirmou Zanão.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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