Margarina perde espaço para iogurte

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Iogurtes e margarinas estão em guerra. E quem está levando a melhor são os iogurtes. Não que o consumidor esteja passando sobremesa láctea no pão. Mas no mercado, cada vez mais a margarina perde espaço na gôndola refrigerada para o iogurte. 

 

"Já foi o tempo que os produtos concorriam só entre marcas da mesma categoria. A briga agora é entre itens de naturezas diferentes", diz Eugênio Foganholo, analista de varejo. 

 

Iogurtes e margarinas têm ampla presença na mesa do consumidor. As margarinas estão em 98% dos lares brasileiros e os iogurtes, em 93%, segundo dados da Nielsen. O mercado de margarinas, porém, mostra certa estagnação, com tendência de queda. De 2006 para 2007 o volume vendido passou de 326 mil toneladas para 324 mil. 

 

"O mercado de margarinas sofrerá uma mudança enorme em pouco tempo. Com estudos que apontam as gorduras trans como inimigo número um da saúde, sua redução ou eliminação será obrigatória", diz Fernando Falco, CEO da Vigor. A gordura hidrogenada (ou trans) é a matéria-prima principal das margarinas. 

 

Os iogurtes, por outro lado, estão em alta. Os brasileiros consumiram no ano passado 560 mil toneladas. Desse total, porém, só 47 mil - ou 8% - eram itens mais elaborados. A oportunidade de crescimento para a indústria está na sofisticação do consumo, ou seja: fazer o público passar do iogurte de polpas de fruta, mais barato, para os de maior valor agregado, os funcionais, diz Leonardo Lima, gerente de marketing de Activia, a atual marca carro-chefe da Danone. Em números, isso seria o mesmo que passar de um mercado de R$ 2,4 bilhões para outro de mais de R$ 4 bilhões. 

 

Para incrementar esse consumo, a indústria lança mão de várias estratégias. Uma é a precificação (preço impresso na embalagem). "Colocando o preço na embalagem, evitamos que a margem de lucro do varejo sobre o produto seja alta demais, o que deixaria o iogurte mais caro", afirma Lima. Outra maneira é fazer lançamentos de novos sabores em embalagens menores, para que não saia caro para o consumidor experimentar a novidade. Depois, espera-se que ele se torne fiel à marca e pague mais caro por ela. 

 

Mas a estratégia mais importante para a indústria de iogurtes é a presença no ponto de venda. Ou seja, na prateleira do supermercado. Quanto mais a geladeira estiver cheia de uma certa marca, mais ela irá vender. O varejista, por sua vez, faz o que é mais lógico: ocupa a geladeira com o que vende mais - o giro de Activia, por exemplo, é de sete dias; o das margarinas, superior a dez. Na prática, espreme as margarinas em um canto e espalha os iogurtes por toda a gôndola. 

 

Mas o aprimoramento do consumo de iogurtes no país também tem atraído olhares de fora. Não foi por acaso que, no último dia 17, o banco holandês Rabobank divulgou um relatório avaliando as chances que o mercado de lácteos no Brasil oferece. "As melhores oportunidades em lácteos no mundo, hoje, estão no relativamente imaturo mercado brasileiro, no qual o consumo de iogurtes ainda é muito básico e tende a se sofisticar." Grandes multinacionais, como a Pepsi, já declararam que entrarão na disputa. 

 

Veículo: Valor Econômico


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