Necessidade de ampliar quantidade e melhorar qualidade de dados passados a investidores amplia importância da governança
A sustentabilidade, quem diria, tornou-se a queridinha do mercado de capitais. Nada que tenha acontecido por acaso ou do dia para a noite. Foi por puro pragmatismo. A necessidade de aumentar o grau de transparência de dados fornecidos a investidores, ampliada por regras recentemente criadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tem sido o principal estímulo para o movimento. Executivos das áreas de finanças e de Relações comInvestidores (RIs) que o digam. São eles os maiores envolvidos em algumas das mudanças que agitam as empresas com ações negociadas em bolsa.
Um exemplo é a adoção do formulário de referência, documento no qual as companhias precisam dar detalhes sobre como lidam com ética, governança corporativa e gestão de riscos ambientais, três pilares da sustentabilidade. “Os RIs, que antes tinham receio de adotar parâmetros sustentáveis por imaginar que fossem apenas parte de mais uma onda, estão mudando de ideia. E já notaram que são um aliado para melhorar a qualidade de divulgação de seus dados ao mercado”, afirma Angelica Blanco, diretora da consultoria Management & Excellence, que concluiu recentemente estudo para analisar como as corporações latinoamericanas lidam com o tema.
“A principal conclusão é que empresas acostumadas a divulgarem informações baseadas nos mais altos padrões, caso das que têm ADRs nos Estados Unidos, levamgrande vantagem em relação àmaioria”, afirma.
A pesquisa é composta porum questionário de 136 itens. Eles são extraídos de perguntas que as companhias já respondem quando querem participar do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa ou, no caso das companhias cujos papéis são negociados nas bolsas americanas, no preenchimento do complexo formulário Sarbanes Oxley.
O estudo avalia a performance de três setores considerados sensíveis no que diz respeito aos impactos ambientais: energia, mineração e petróleo e gás. “Não entramos no mérito do fato de as empresas serem poluidoras ou utilizarem recursos finitos. O que o levantamento busca entender é o que as companhias fazem para reduzir prejuízos à sociedade e à natureza”, explica Angelica.
A fila das empresas mais sustentáveis da América Latina é puxada por brasileiras. Tema CPFL à frente, seguidade perto por Vale e Petrobras.Aelétricapontuoumais do que o dobro da Energis e 21%a mais do que a Endesa, chilenas com as quais competia.
Apesar de não integrar as carteiras do ISE ou do Dow Jones Sustainability Index, a Vale liderou o setor de mineração, com o desempenho de 91% em sustentabilidade. Já a Petrobras alcançou 81% nesse parâmetro, mais do que o dobro da chilena Copec. Outra brasileira, a OGX, de Eike Batista, registrou 46% no critério.
Sustentabilidade na bolsa
Reconhecida como relevante para aprimorar a qualidade da governança das empresas, a sustentabilidade começa a se refletir em valorização em bolsa.
No acumulado do ano, enquanto o Ibovespa perde 6,07%, o ISE e o Indíce de Governança Corporativa recuam menos, respectivamente, 5,22% e 3,27%.
Veículo: Brasil Econômico