Bens duráveis serão o carro-chefe do varejo

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Mesmo sem a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e com a alta dos juros, o comércio varejista dá provas de sua força e deve continuar com crescimento, depois de registrar a maior alta da história no mês de março. O destaque devem ser os bens duráveis, nos quais grandes players -como o Grupo Pão de Açúcar (GPA)- apostam para alavancar suas vendas. O grupo, que divulgou as suas metas para este ano, espera alcançar, incluindo o Ponto Frio (Globex), vendas brutas totais acima de R$ 33 bilhões frente a R$ 26,2 bilhões registrados no ano passado; já quando vemos o guidance só para o grupo, a previsão é de vendas brutas de cerca de R$ 26 bilhões sobre vendas de R$ 23,3 bilhões.

 

No primeiro trimestre, o Pão de Açúcar também registrou crescimento de 47,1% nas suas vendas brutas em comparação ao mesmo trimestre de 2009, atingindo R$ 7,8 bilhões. Mas, se analisamos os dados do grupo sem a participação da Globex, o crescimento também é menor, de 19,9%, e vendas de R$ 6,3 bilhões.

 

Depois de comemorar bons resultados no primeiro trimestre, a companhia também afirmou que as vendas continuaram em alta em abril e no início de maio, e acredita que este ano terá crescimento real de vendas brutas nas lojas comparáveis de 4% a 5%, mantendo o patamar de 2009, quando cresceu 4,5%. Já seu capex (gastos de capital) deve atingir até o final do ano cerca de R$ 1,6 bilhão, frente a R$ 700 milhões em 2009.

 

Ontem, durante participação na Apas, evento supermercadista que está ocorrendo em São Paulo, Enéas Pestana, presidente do grupo, comentou a expectativa da companhia para com outros canais de vendas, como a internet, onde também explora a venda de não-alimentos e principalmente de eletrodomésticos e eletrônicos. Ele afirmou esperar faturamento de R$ 2 bilhões neste canal. No final de 2009, o grupo havia afirmado que a integração e a segmentação das operações de comércio eletrônico do Ponto Frio (www.pontofrio.com.br) e do Extra (www.extra.com.br), culminariam com a criação de um negócio de faturamento superior a R$ 1 bilhão.

 

Em teleconferência ocorrida esta semana, o grupo reforçou que a sua estratégia de crescimento para a área de não-alimentos é "alavancar vendas de não-alimentos nos hipermercados", além de se apoiar no pilar de crédito e contar com associações feitas com outras redes, como a aquisição do Ponto Frio e a possível conclusão do acordo com a Casas Bahia.

 

As expectativas da companhia em relação à área mostram ainda que o grupo aposta em um segmento do varejo que mais tem se destacado, o de bens duráveis, uma vez que, de acordo com os dados de venda no comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior crescimento registrado em março foi na categoria de Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação (35,4%), seguido por Veículos e Motos, Partes e Peças (32,4%). Setores como Móveis e Eletrodomésticos (25,7%) e Material de Construção (19,5%) também tiveram forte alta, mostrando o bom desempenho do segmento.

 

Para Luiz Góes, sócio sênior e diretor da GS&MD -Gouvêa de Souza, consultoria especializada em varejo e distribuição, o destaque dos bens duráveis pode ser explicado por fatores como a maior oferta de crédito e confiança do consumidor, além do aumento da renda. "A massa salarial cresceu 7,3% em março deste ano frente a março de 2009. É uma quantidade significativa de renda a entrar no mercado, e boa parte vai para o varejo. Ainda há a expectativa da Copa do Mundo, boa para o varejo de eletrônicos", diz.

 

Análise

 

No comércio varejista em geral, as vendas subiram 1,6% em março, na comparação com o mês anterior, mas, na comparação com março de 2009, as vendas registraram aumento de 15,70%, o maior crescimento já registrado em meses de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde o início da série histórica da pesquisa, em 2001.

 

No primeiro trimestre, as vendas tiveram aumento de 12,80% frente às do mesmo período do ano passado, um dos mais fortes primeiros trimestres do setor, embora costume ser um período de baixa das vendas. Como há um movimento de aceleração nos últimos meses, foi registrada alta de 9,2% em dezembro, 10,4% em janeiro e 12,2% em fevereiro.

 

Todos os segmentos do varejo analisados pelo IBGE registram alta de acima de 6,4%, sendo que a maioria dos setores teve alta de dois dígitos nas vendas

 

Luiz Góes, alerta, porém, para o fato de que, apesar de o crescimento de 15,7% sobre 2009 ter surpreendido, só a partir de abril será possível fazer uma análise melhor da situação do comércio, uma vez que o primeiro trimestre de 2009 não foi tão bom - ou seja, a base de comparação é fraca -, e março foi o último mês de redução do IPI em alguns setores.

 

"A tendência é de que o crescimento continue, mas não tão acelerado quanto antes. Só com os dados a partir de abril poderemos ver qual será o crescimento sobre bases mais robustas, já que foi em abril de 2009 que o varejo retomou e passou a contar com incentivos do governo", disse o consultor.

 

Apesar de bases mais fortes de comparação, Góes acredita que o impacto do fim do IPI e do aumento da taxa Selic no último mês deve ser pequeno. "Em setores como o de veículos, as montadoras mostraram esforços e condições de manter preços mais baixos e continuar com financiamento; e a alta dos juros só costuma impactar o varejo depois de três meses", explicou.

 

Veículo: DCI


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