O setor de vestuário deve fechar este ano com um incremento de 9,8% na produção se comparado ao ano passado, com total de 6,5 bilhões de peças. Caso este cenário se materialize, será o melhor desempenho anual do segmento em 20 anos, de acordo com pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), que monitora o setor há 22 anos. Em 2009, um total de 5,9 bilhões de peças de vestuário foram produzidas no País.
As razões para tal crescimento, de acordo com o diretor do instituto, Marcelo Villin Prado, são as mesmas apresentadas em outros setores da economia: aumento da renda média da população e estabilidade financeira e de emprego, que geram maior demanda.
"Quando comparamos a produção de artigos com o aumento da população brasileira (que foi de 1,2% ao ano de 2004 a 2009), temos a surpresa de que o volume de vendas está crescendo porque estamos efetivamente consumindo mais", avaliou Prado.
Gastos maiores – De acordo com as estimativas do Iemi, o tíquete médio deve aumentar 15% em valores nominais em 2010. Para roupas, o valor atual é de R$ 80, enquanto que, para o setor de cama, mesa e banho, é de R$ 180.
Em relação às importações, a participação de produtos vindos do exterior representa atualmente 5% das peças consumidas no País. Porém, isso não significa que as exportações nacionais sejam significativas – pelo contrário, apenas 0,4% da produção de vestuário, em valores, é enviada a outros países. Em termos de volume, apenas 0,7% do total é expotado.
"Nossas indústrias são pequenas, nasceram na época da economia fechada e não têm estrutura para exportar. Temos a quinta maior indústria de confecção do mundo, mas 70% do que é produzido em um estado fica nele próprio. Sequer conseguimos que os produtos migrem entre estados, quem dirá para outros países", afirma o diretor do Iemi.
O mesmo não acontece com o segmento de cama, mesa e banho. Em 2009, foram exportados 13,1% das 1,1 bilhão de peças produzidas pelo setor. "Este foi o elo que sempre conseguiu vender para o exterior porque é composto por empresas de maior porte, que fazem desde a felpa até a finalização dos produtos. Mas o segmento já exportou muito mais. Quando o dólar estava em um patamar mais favorável, as vendas a outros países chegavam a 50% da produção nacional", explicou Prado.
Em termos de importações, o segmento para o lar deve apresentar crescimento em torno de 40% neste ano, ante os resultados de 2009, por conta do aquecimento do mercado. Mas as exportações também devem crescer.
De acordo com o diretor do Iemi, pode-se aguardar um incremento por volta de 18%. O volume de peças de cama, mesa e banho produzidos deve aumentar 9% neste ano, em comparação com o ano passado.
Veículo: Diário do Comércio - SP