Electrolux planeja novas fábricas

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Quem chega ao bairro de Guabirotuba, zona leste de Curitiba, logo vê a fábrica da Electrolux. A planta da multinacional sueca de eletrodomésticos e eletroportáteis é velha conhecida no bairro, onde está instalada desde a década de 50, quando ainda pertencia à antiga Refripar, dona da Prosdócimo. Repleta de tapumes que evidenciam obras, a fábrica agora se prepara para ser referência mundial da companhia sueca. A ampliação das instalações tem o objetivo de fazer da planta o maior centro de produção de refrigeradores e freezers da Electrolux no mundo. A reinauguração está prevista para 1º de agosto.

 

Este é apenas um dos "planos ambiciosos" que a Electrolux tem para o Brasil, anuncia o presidente mundial da companhia, Hans Straberg. "Vamos abrir novas fábricas aqui nos próximos cinco anos", disse o executivo ao Valor semana passada, quando esteve no país para uma reunião do comitê executivo da fabricante na América Latina. Operando perto do limite, com cerca de 90% da sua capacidade instalada, a Electrolux também trabalha para ampliar em 20%, até 2013, a produção das atuais cinco fábricas no país (duas em Curitiba, duas em Manaus-AM e uma em São Carlos-SP). Só este ano, a empresa já contratou 1,5 mil pessoas (no fim de 2008, em meio à crise, tinha demitido cerca de 90).

 

Straberg não dá detalhes sobre os investimentos. Diz apenas que o Brasil vai receber uma parcela maior este ano do orçamento global de cerca de € 300 milhões da companhia. "Quando precisarmos de mais capacidade, estou comprometido a investir no Brasil, porque este é um mercado em crescimento", afirmou o executivo, que garante que as vendas locais cresceram mais que a média de 30% do mercado de linha branca no ano passado, quando foi favorecido pela redução da cobrança do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI).

 

O crescimento não esteve atrelado só ao IPI, afirma o presidente da Electrolux no Brasil, Ruy Hirschheimer. "A nossa entrada em uma nova categoria, a de condicionadores de ar split, foi favorecida por um calor acima do comum no verão passado", disse Hirschheimer, que promete outras iniciativas inéditas para 2010. Assim como a megaconcorrente Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, a Electrolux vem apostando em todas as frentes para crescer. Nos lançamentos deste ano, há desde refrigeradores inteligentes, com compartimentos que vão direto à mesa, que custam perto de R$ 3 mil, até lavadoras de roupa de primeiro preço, R$ 879, um segmento em que a empresa vem reforçando a sua aposta.

 

O Brasil já é o terceiro maior mercado da sueca, depois de Estados Unidos e Alemanha. Cinco anos atrás, o país estava no fim da lista dos dez primeiros. Com a diferença de que se aqui a multinacional cresceu mais de 30% em 2009, na América do Norte a queda foi de 5% e, na Europa, 7%. "Graças a Deus que o Brasil existe", diz Straberg, que está certo de que a empresa vai crescer mais do que a média do mercado de linha branca também este ano. Para dar sorte, promete torcer pelo Brasil na Copa do Mundo. "A Suécia está fora do mundial", explica.



América Latina responde por 23% do lucro

 

Com receita líquida de 109 bilhões de coroas suecas em 2009 (US$ 15,3 bilhões), só 4% superior a 2008, a Electrolux procura colher os frutos do seu plano de reestruturação. "Nos últimos dez anos, fechei 30 fábricas e abri outras 80", diz o CEO mundial, Hans Straberg. Hoje, são perto de 50 plantas, que operam na sua maioria em países onde a empresa conseguiu cortar custos. "Nos últimos cinco anos, abrimos fábricas no México, na Polônia, na Romênia, na Hungria, na China, na Tailândia e no Brasil", afirma Straberg, que só agora retoma os planos de crescimento, uma vez que em 2009 não inaugurou fábricas. Ao contrário. "Fechamos três ou quatro", diz.

 

Segundo o presidente da Electrolux no Brasil, Ruy Hirschheimer, a América Latina representava 6% das vendas globais em 2005 e hoje responde por 13%. No mesmo período, a região passou a responder por 23% do lucro, contra 11% de cinco anos atrás. No Brasil, a receita líquida subiu 32% em 2009, para R$ 3,24 bilhões. O lucro local mais do que dobrou, para R$ 204,35 milhões, ante R$ 83,56 milhões do ano anterior. Em novembro, a empresa aderiu ao Programa de Recuperação Fiscal (Refis). Os tributos a pagar ao fim de 2009 somavam R$ 69 milhões. (DM)
 

Veículo: Valor Econômico


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