Vendas de linha branca desaceleram, mas indústria ainda projeta expansão

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Quatro meses depois do fim do incentivo envolvendo o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) de fogões, geladeiras, máquinas de lavar e tanquinhos, a indústria está confiante que vai fechar o ano com desempenho em alta. A GfK, que presta consultoria no setor e acompanha o varejo, trabalha com estimativas de vendas entre 5% e 10% maiores para este ano. Mas as varejistas sentem na pele a pouca disposição do consumidor em voltar a desembolsar mais pelos itens de linha branca.

 

Enquanto Whirlpool e Electrolux, os dois maiores fabricantes de eletrodomésticos do país, projetam aumento de pelo menos 8% nas vendas do ano sobre o excelente ano de 2009 (quando o incentivo fiscal contribuiu para a alta de 30% no volume vendido), grandes e médios varejistas como Máquina de Vendas (Ricardo Eletro e Insinuante), Magazine Luiza e Baú Crediário registram desacelaração nas lojas.

 

"Nossas vendas de linha branca caíram 15% depois do fim da redução do IPI", afirma Ricardo Nunes, presidente da Máquina de Vendas. "O que tem saído mais é TV de LCD", diz, destacando a preferência do consumidor no período pré-Copa do Mundo. Já na rede Baú Crediário, com 130 pontos de venda, o faturamento foi 8% menor em maio, mês estratégico para os eletrodomésticos, por conta do Dia das Mães. "Há demanda, mas vendemos menos para não sacrificar a margem de lucro", diz Décio Pedro Thomé, diretor do Grupo Silvio Santos, que controla a rede.

 

Segundo Thomé, com a redução do IPI - que vigorou de abril de 2009 a 31 de janeiro deste ano -, o consumidor se acostumou a ver eletrodomésticos em um patamar mais baixo de preços. "Quem encontrava uma lavadora de 10 quilos a R$ 999 acha caro o produto a R$ 1.199 agora", diz. "É preciso que varejo e indústria se esforcem para diminuir as margens de ambos os lados e garantir vendas maiores".

 

Já o Magazine Luiza afirma que as vendas de março foram 29% superiores às do mesmo mês do ano passado, quando não havia o incentivo. Já em abril a demanda por linha branca subiu só 2% sobre abril de 2009. Até ontem, a varejista acreditava que maio poderia encerrar com queda.

 

"Nossa meta é vender entre 5% e 8% mais este ano", diz Armando do Valle Jr., diretor da Whirlpool, a maior fabricante de linha branca do país, dona de Brastemp e Consul. Em março, no entanto, o presidente da companhia no país, José Drummond Jr., em entrevista ao Valor, havia informado uma expectativa até 15% maior para 2010. Valle Jr. afirma que não houve revisão de metas, mas alinhamento da produção para se adequar à nova realidade: se no primeiro trimestre as vendas cresceram 25%, agora a produção está sendo adaptada para um volume menor, mas ainda crescente. "A demanda é maior por lavadoras e micro-ondas, produtos de baixa presença nos lares", afirma. A empresa trabalha com três turnos nas fábricas de Rio Claro (SP) e Manaus (AM) e em quatro turnos em Joinville (SC), e não pretende dar férias coletivas.

 

Essa alternativa deve ser usada pela Electrolux em julho, por dez dias, na fábrica de refrigeradores em Curitiba (PR). Segundo a empresa, trata-se de uma medida de praxe, para manutenção da planta, que deve fazer 580 novas contratações este mês. Já a Mabe decidiu parar por 20 dias a fábrica de fogões de Campinas (SP) e estuda fazer o mesmo em Hortolândia (SP), por conta na queda nas vendas.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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