País avalia pedido de vizinhos para aumentar a TEC do trigo

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O Ministério da Agricultura estuda um pedido encaminhado por Argentina, Uruguai e Paraguai para aumentar, dos atuais 10% para 35%, a tarifa externa comum (TEC) sobre as importações de trigo provenientes de fora do Mercosul. A proposta será discutida com moinhos e produtores nacionais, em Brasília, na próxima semana. "Vamos ver a acolhida do campo", afirmou ontem o ministro Wagner Rossi, após reunir-se com seu colega argentino, Julián Domínguez.

 

O país vizinho, que forneceu 3,2 milhões de toneladas de trigo ao Brasil em 2009, promete atender às necessidades brasileiras neste ano. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção doméstica será de 5,1 milhões de toneladas na safra que será colhida a partir de outubro. Outros 5 milhões de toneladas, nas projeções oficiais, deverão ser importados. Rússia e Ucrânia, segundo Rossi, já apresentaram ofertas para atender a essa demanda. "Mas obviamente temos uma postura de privilegiar o Mercosul".

 

A questão é se a Argentina será capaz de cumprir a promessa, enfrentando ainda as consequências da safra passada, quando a área plantada foi a menor em 111 anos, devido à seca mais grave em sete décadas no país. Com a colheita ruim, produtores reclamam da escassez de sementes para o plantio, iniciado em maio. Outra queixa é com o excesso de regulação - as exportações foram fechadas e há acordos com o setor privado para controlar o preço da farinha.

 

O último boletim da Bolsa de Cereais de Buenos Aires prevê que a área plantada alcançará 4,2 milhões de toneladas, alta de 26% em relação à temporada anterior, mas apenas voltando aos níveis da safra de 2008/09. Até o fim da semana passada, foram cultivados 11,8% da área total e as chuvas têm ajudado.

 

Para o governo argentino, a próxima colheita chegará a ao menos 10 milhões de toneladas e haverá trigo suficiente para exportar ao Brasil. Cobrado pelas entidades rurais, Domínguez deverá anunciar a liberação antecipada de guias de exportação de 3,5 milhões de toneladas. Isso sinaliza que o Brasil poderá contar com o trigo do país - por isso o pedido de elevar a TEC, evitando a concorrência, sobretudo com fornecedores da Europa.

 

Rossi afirmou que o governo não tomará nenhuma decisão "em detrimento do trigo brasileiro" e ouvirá os produtores do Rio Grande do Sul e do Paraná. Mas disse que buscará um "acordo de cavalheiros" para evitar que "se formem estoques elevados de produto importado" e para equilibrar uma situação que deve ser corrigida, na leitura do ministro: moinhos no interior estão trabalhando com trigo nacional e moinhos situados perto dos portos dão preferência ao trigo de outros países.

 

De qualquer forma, disse Rossi, o ministério encaminhará um estudo técnico à Câmara de Comércio Exterior - que só então definirá a resposta aos parceiros do Mercosul. "Quando vou à Camex, vou com a ótica do produtor brasileiro. Mas não adianta defender o produtor se a cadeia (produtiva) não está contemplada", disse Rossi, ao ser questionado sobre a posição que levará aos demais colegas.

 

Em sua primeira visita a Buenos Aires, ele definiu uma pauta com o ministro argentino para ser tratada em reuniões trimestrais, com a presença do empresariado. A primeira deverá ser em julho, em Brasília. Entre os pontos, estão as barreiras fitossanitárias à banana brasileira e a troca de experiências sobre as políticas de comercialização.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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