A demanda mundial de algodão está aquecida, a produção reage pouco e os estoques não se recompõem. É o que mostram os dados do Comitê Consultivo Internacional do Algodão.
Com esse cenário, os preços da commodity continuariam pressionados. O Rabobank afirma, no entanto, que, apesar das atuais perspectivas de oferta e de demanda globais darem sustentação aos preços internacionais ao longo de 2010/11, uma nova crise econômica mundial poderia provocar queda nos preços do produto.
A crise atual teve origem na economia grega e já se manifestou, em menor escala, em vários outros países da Europa como Espanha, Portugal, Itália e Hungria.
Diante dessa possibilidade de aumento da crise, os produtores devem ficar atentos aos movimentos econômicos globais para se proteger de eventual redução de demanda, alerta o Rabobank em um estudo do Agri Focus, estudos rotineiros do banco que avaliam o setor agrícola.
Uma recessão na Europa provocaria efeitos em outras economias desenvolvidas e em países emergentes, trazendo enfraquecimento da demanda de commodities. Avaliação do banco mostra que consumo de algodão e renda caminham juntos.
Uma elevação de 10% na renda provoca alta de 9,1% no consumo de têxteis. Nas crises financeiras, no entanto, os efeito da queda de renda é muito forte no consumo dessa commodity.
Em 2008/9, por exemplo, enquanto a renda recuou 6%, o consumo de algodão caiu 12%. Se o PIB mundial se mantiver em um ritmo de 4,3% neste ano, previstos pelo Fundo Monetário Internacional, os preços do algodão podem continuar elevados.
Um crescimento de apenas 2% no PIB mundial provocaria uma queda de 1,4% no consumo de algodão. Nesse caso, os preços cairiam 6% em relação ao potencial previsto pelo Comitê Consultivo.No caso de uma repetição da crise de 2008, o consumo cairia 3,4%, e os preços, 16%.
Veículo: Folha de S.Paulo