Nos dias de jogos do Brasil, comércio deve registrar queda de até 80%.
A Copa do Mundo na África do Sul começa amanhã e o comércio da Capital se divide entre os que conseguem lucro extra com a transmissão dos jogos do Brasil e aqueles que amargam perdas significativas. Bares e restaurantes, por exemplo, projetam expansão de até 100% no faturamento nos dias de jogos da seleção brasileira. Já outros segmentos do setor varejista, que terão horários de funcionamento reduzidos em função dos jogos do Brasil, preveem queda de até 80% nos negócios.
De uma forma geral, segundo estimativas da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), o comércio da Capital perde com a Copa do Mundo. Normalmente, o setor varejista da cidade fatura cerca de R$ 48 milhões/dia, mas durante os jogos da seleção a perspectiva é de queda de 10% neste valor.
Conforme o presidente da entidade, Roberto Alfeu Pena Gomes, a principal causa da queda é a limitação no horário de funcionamento. "Embora seja praticamente impossível uma definição comum, é natural que haja redução de expediente. Existem casos em que os comerciantes nem voltam a abrir depois dos jogos", observou.
O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato Filho, disse que a entidade realizou um amplo trabalho no sentido de padronizar o horário de funcionamento do comércio, com intuito de minimizar as perdas. "Acreditamos que, com a padronização dos horários de funcionamento das lojas, a perda de vendas poderá ser compensada. Para isso precisamos mobilizar e conscientizar os comerciantes sobre esta alternativa", disse.
O supervisor de vendas da Pé de Mulher, especializada em artigos femininos, com quatro lojas em Belo Horizonte, Agnaldo Ferreira, disse que deve definir hoje os horários de funcionamento das lojas durante os jogos do Brasil. Mesmo assim, ele já prevê queda de 80% nas vendas destes dias. "Neste período há uma logística muito complicada para o consumidor, que fica totalmente desiteressado pelas compras. Ainda vamos definir a organização das lojas nas datas dos jogos da seleção", afirmou.
Já o bar e restaurante Villa Rizza, no bairro da Serra, na região Centro-Sul da Capital, vai antecipar o horário de funcionamento em uma hora nos jogos do Brasil. Ao invés de abrir às 11h30, abrirá às 10h30. De acordo com o proprietário do estabelecimento, Roberto Noronha Neto, essa é uma forma de recepcionar com mais tranqüilidade o público esperado para acompanhar a partida. Em função disso, ele estima faturamento 100% maior do que os dias normais. "Além de estarmos atendendo mais cedo, também esperamos aumento no fluxo de clientes, como é típico do período", observou.
Sugestão - Na próxima terça-feira será realizado o primeiro jogo da seleção brasileira, às 15h30. A sugestão do Sindilojas-BH é que o comércio de rua funcione das 9 horas às 14h30 sem retorno ao final da disputa. No caso dos shopping centers, a orientação é para funcionar de 10 às 15 horas e de 18h às 22 h.
Já para a partida do dia 25 de junho (sexta-feira, às 11h) a orientação é para que o comércio de rua abra as portas de 9h às 10h30, retornando às 13h30 e indo até às 19h. Neste dia a alternativa seria que os shoppings abram as portas de 14h às 22h.
"Dessa forma acreditamos que as perdas podem ser reduzidas. A adesão dos empresários tem sido grande, o que poderá trazer um excelente resultado", disse Donato Filho.
O presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro, Pedro Bacha, que representa 500 estabelecimentos da Capital, principalmente dos setores de vestuário e calçados, confirma que o consenso no horário de abertura das lojas é algo difícil de ser alcançado. "Observamos muitas opiniões divergentes e cada empresário vai decidir sobre a abertura de seus estabelecimentos de acordo com as experiências pessoais", afirmou.
Bacha estima que, nas lojas do hipercentro, as vendas caiam em média 40% durante os dias de jogos da seleção brasileira.
A coordenadora do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Silvânia de Araújo, observou que a influência da Copa do Mundo no consumo é uma realidade com a qual os comerciantes devem lidar com criatividade. "Promoções e diferenciações nas lojas podem compensar as perdas de vendas registradas nos dias do jogos", disse.
Veículo: Diário do Comércio - MG