Impressora evolui e vira computador

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Equipamentos: Novos modelos incorporam funções de PC e fabricantes mudam a forma de cobrar os serviços

 

Primeiro, a impressora virou copiadora. Depois, os fabricantes foram além e adicionaram o scanner. Insatisfeitos, decidiram que ainda havia espaço para o fax. Daí em diante, o equipamento tornou-se multifuncional. Então veio a internet, e as funções se misturaram de vez. Os modelos mais recentes de impressoras são, praticamente, um computador completo - ou mais do que isso, em alguns casos.

 

Equipada com tela de cristal líquido sensível ao toque, chip de memória, disco de armazenamento de dados de 80 Gigabytes e dispositivos de acesso à internet (com ou sem fio), a impressora atual é um produto que dispensa o uso de outros equipamentos para realizar suas tarefas. O usuário coloca uma folha de papel sobre a máquina, faz uma cópia, imprime, digitaliza o conteúdo, envia o arquivo por e-mail para outras pessoas e pode armazená-lo no banco de dados da empresa. No processo de digitalização, os sistemas não apenas fotografam a imagem, mas também fazem a leitura inteligente dos dados, reconhecendo caracteres como nomes, números de documentos, endereços etc. Nesta semana, a Hewlett-Packard (HP) atribuiu às suas impressoras endereço próprio de e-mail. Da África do Sul, enquanto assiste a um jogo da Copa, o usuário pode fotografar um gol com seu celular BlackBerry e enviar a foto diretamente para o Brasil. A impressora faz o resto, automaticamente.

 

Esse novo tipo de equipamento, que muda os hábitos dos consumidores, também está alterando a maneira como os principais fabricantes do setor oferecem seus produtos, principalmente quando os clientes do outro lado do balcão são empresariais.

 

Nos últimos anos, ganhou força no mercado a tendência de oferecer impressoras por meio de contratos de serviços. Em vez de vender a máquina, o fabricante fecha um contrato de três anos com a empresa cliente e passa a se responsabilizar por tudo o que se relaciona à gestão das máquinas. Com a entrada da internet nos equipamentos e a integração de mais recursos, esses pacotes de serviços ficaram mais complexos, distanciando-se de vez da simples oferta de impressão.

 

"Até há pouco tempo, os fabricantes cobravam conforme o número de páginas que imprimiam mensalmente", diz Ronaldo Foresti, vice-presidente da América Latina e Ásia Pacífico da Lexmark. "Isso continua a valer, mas cada vez mais os contratos passam a considerar o volume de dados digitalizados e armazenados pelos usuários."

 

O que a Lexmark está dizendo ao mercado, afirma Foresti, é que seu negócio não tem mais tanta dependência da impressão clássica. A empresa levou essa história tão a sério que transformou a causa em seu próprio slogan, pedindo ao usuário que "imprima menos e economize mais".

 

A despeito do apelo, a realidade é que nunca se imprimiu tanto no mundo. Em 2012, segundo estimativas do setor, deverão ser impressas 56 trilhões de páginas globalmente, volume 40% maior que o estimado para este ano. Os fabricantes de máquinas, porém, sabem que a avalanche de armazenamento digital reserva números ainda mais gigantescos, e ninguém está disposto a ficar fora do negócio.

 

A Xerox, que hoje lidera o mercado de serviços de impressão no Brasil (ver quadro ao lado), tem parceria com os centros de dados da Diveo para oferecer armazenamento. "Hoje, 60% dos nossos negócios já vêm de serviços", diz Emílio Gonçalves, diretor de alianças estratégicas da Xerox. "Não falamos mais de terceirização de impressão apenas, mas de fazer a gestão completa de documentos, em todo o seu ciclo de vida."

 

Na HP, centros de dados próprios já são usados para suportar a oferta casada com os contratos de serviços, afirma Fernando Lewis, vice-presidente da área de impressão da fabricante: "Criamos uma oferta de 'impressão na nuvem' (via internet), em que o usuário pode acessar, imprimir e gerenciar seus documentos, independentemente de onde ele estiver."

 

Para criar uma força de vendas de serviços, os fabricantes têm trabalhado com o apoio de revendas especializadas. Internamente, porém, o perfil de seus funcionários também mudou e não está mais limitado à linha de produção dos equipamentos. Na Canon, diz Eduardo Buck, gerente de vendas de grandes contas da empresa, mais de 200 pessoas trabalham na nova divisão de serviços. Nas instalações da Ricoh, 300 funcionários ocupam posição semelhante. "Saímos de nossa nossa própria caixa", diz Andrea Klevenhusen, gerente de marketing e produto da Ricoh. "Hoje, metade dos nossos negócios está atrelada à oferta de serviços e essa participação deve crescer ainda mais."

 

Na competição pelo usuário, os fabricantes buscam atalhos para chegar rapidamente à melhor oferta. No mês passado, foi a vez da Lexmark desembolsar US$ 280 milhões pela Perceptive Software, uma empresa especializada em sistemas de manipulação eletrônica de documentos.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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