O Ceará busca atrair mais investidores para o agronegócio. Com um dos maiores açudes do Estado já disponível, a Barragem Castanhão, com 4,2 bilhões de metros cúbicos de água, um canal com 255,9 quilômetros, o Eixão das Águas, ligando o Castanhão a Fortaleza, com capacidade de irrigar 43 mil hectares, empresários e agentes governamentais correm vários Estados para apresentar o potencial do agronegócio cearense em terras irrigadas. Um dos focos é a atividade leiteira, onde o Ceará produz um milhão de litros de leite por dia, ocupando a terceira posição entre os maiores produtores nacionais.
"Temos mais de seis mil hectares de terras preparadas, prontas para irrigação e para implantação de projetos com atividade leiteira. Queremos trazer empreendedores de outros Estados", explica Flávio Saboya, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Ceará, que, junto com outros empresários e representantes de agências de fomento, visitou regiões produtoras de leite no Sul, como Castro (PR) e Dom Pedrito (RS), apresentando as potencialidades no segmento.
Saboya é um pequeno produtor de leite no Ceará, com 40 hectares de terras no município de Cascavel, a 60 quilômetros de Fortaleza. Ali ele cria 50 cabeças de gado da raça Jersey, bem adaptadas às condições climáticas do Ceará. "O governo estadual está dando incentivos fiscais e estimulando investimentos a juros atraentes. As condições de implantação de projetos nos perímetros irrigados já estão definidas, especialmente no eixo do Castanhão, que vai receber águas da transposição do rio São Francisco. Os produtores podem pegar lotes de aproximadamente oito hectares até 200 hectares, mediante pagamentos razoáveis em até dez anos", informa Saboya.
A expectativa é otimista, indica o empresário. Com uma produção de um milhão de litros de leite por dia, o Ceará tem um déficit de 25% na oferta interna do produto. "O Estado importa 30% do seu consumo total, mas pretendemos reduzir esse déficit para 6%", afirma o dirigente da FAEC. "Estamos considerando também a possibilidade de que a atividade leiteira, além de atender ao consumo interno, venha servir ao mercado externo."
Um dos diferenciais do Estado, segundo ele, além de ser uma atividade que se ajusta ao clima seco, característico do Ceará, é a possibilidade de o produto atingir rapidamente o mercado internacional, a partir do Porto do Pecém, situado no município de São Gonçalo do Amarante, a 56 quilômetros da capital.
"Com a abertura proximamente do Canal do Panamá, o Porto do Pecém vai reduzir o caminho dos produtos brasileiros para a Ásia para algo em torno de 15 dias. Isso demonstra a possibilidade do Ceará de se transformar numa grande bacia leiteira e exportar leite em pó. A Danone está se instalando no Ceará e outras grandes empresas, como a Itambé, por exemplo, também poderão se instalar brevemente", assinala.
Veículo: Valor Econômico