A consolidação de polos de fruticultura está transformando o agronegócio cearense num dos segmentos mais importantes para o crescimento econômico do Estado. As frutas cresceram em participação no valor da produção total do Ceará (41,2% em 2008 para 46,8% em 2009) e já são hoje o quarto item no ranking das exportações cearenses, atrás apenas dos calçados, castanha de caju e couros, com um volume de US$ 106 milhões (FOB). Ou seja, já participam com 9,8% do total exportado pelo Ceará, que atingiu no ano passado US$ 1,080 bilhão. "A fruticultura é a atividade econômica que mais se torna competitiva no Ceará e cresce exponencialmente graças à parceria do empresariado local com o governo estadual, gerando emprego e renda na zona rural", confia Eduardo Diogo, diretor de desenvolvimento setorial da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), responsável pela política de desenvolvimento econômico no Estado.
Com área plantada de 39 mil hectares e produção de 1,1 milhão de toneladas, o Ceará assumiu a segunda posição entre os maiores produtores brasileiros, e tem atraído empresas de várias regiões do Estado, incentivadas a produzir diferentes tipos de frutas em diversas áreas com infraestrutura irrigada. Pelo menos 20 empresas se destacam na exportação de frutas, especialmente melão, manga, mamão, pitanga, banana, caju, uva e abacaxi. O valor bruto de produção na fruticultura irrigada foi de R$ 672 milhões em 2009 e o número de empregados na atividade já alcança 23,2 mil pessoas. "A fruticultura tem tudo para crescer mais ainda. Tem terra boa, muito sol e novas tecnologias para irrigação, o que permite ao agricultor a medida correta de utilização de água."
Outros produtos têm crescido de importância, como a apicultura e a produção de flores em regiões serranas. Em 2009, as exportações de mel subiram 113,2% em relação a 2008, atingindo US$ 14,3 milhões, uma participação de 1,3% no total exportado pelo Estado.
No caso das flores tropicais e ornamentais, o Ceará é o segundo maior exportador, depois de São Paulo, com um valor de US$ 4 milhões, de um total de US$ 35,5 milhões. Só em rosas, o Ceará participou com quase 70% de tudo o que o Brasil vendeu no exterior, algo em torno de US$ 700 mil.
"É uma atividade muito gratificante e fico feliz em contribuir para o desenvolvimento do meu Estado", diz Margarida Passos, assistente social aposentada pela Petrobras, que decidiu investir na produção própria de rosas, através de sua empresa, a Rosas de Aningas, no Maciço do Baturité, a uma hora de Fortaleza.
Margarida tem um sítio com 26 hectares, com área plantada de três hectares, que devem ser ampliados para cinco hectares este ano, com o plantio de rosas, cyclâmen, lysianthus e gypsofila. Só em rosas (Hollywood, carola e tinekee) são mais de 700 botões por dia. O foco é o mercado interno - lojas de floricultura de Fortaleza e várias capitais do país, como São Luiz, Belém, Manaus, Teresina e Recife - e uma primeira incursão no mercado externo, no ano passado, no valor de € 5 mil. "Em 2009, tivemos uma renda anual em torno de R$ 150 mil, mas esperamos crescer mais o negócio formando um consórcio com 19 produtores para incrementar as exportações de flores na Europa", conta Margarida.
Um obstáculo à expansão da atividade, segundo Margarida, que atua como vice-presidente da Associação dos Produtores de Flores e Plantas Ornamentais, além da necessidade de maior apoio técnico por parte dos órgãos governamentais, é o de logística de transporte. "Há dois anos, pagávamos R$ 3,00 pelo transporte de caixa com 170 botões de rosas. No ano passado, subiu para R$ 6,75. Agora, a mesma empresa transportadora quer nos cobrar R$ 40 reais por caixa. Vai sair quase R$ 2 reais por botão. Por quanto eu vou vender aos meus clientes?", reclama
Veículo: Valor Econômico