O consumo de café cresce acima da expectativa das indústrias neste ano. Previsto para evoluir 5%, deve subir 7%. Ou seja, as indústrias devem utilizar 19,5 milhões de sacas de café em 2010.
Apesar do crescimento das vendas, o setor não está contente com o cenário atual.
"O primeiro semestre está sendo marcado por baixa rentabilidade", diz Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Por isso, as indústrias deverão elevar os preços de 25% a 30% no segundo semestre.
Herszkowicz explica por que as indústrias vêm perdendo margem de ganho, o que as obriga a esse aumento de preço.
Primeiro, esse cenário de aperto leva as empresas a uma forte concorrência interna. Além disso, há resistência natural do varejo em aceitar novos aumentos.
O custo da matéria-prima, que mudou de patamar nas últimas semanas e vêm com aumento consistente, também é um fator decisivo para a elevação, diz Herszkowicz.
No final de maio, as indústrias pagavam R$ 150 pelo café conillon. Hoje a saca do produto está entre R$ 195 e R$ 200. Já o arábica, que custava R$ 220, está de R$ 260 a R$ 270. Demanda maior lá fora e melhora da qualidade do produto puxam os preços internos, diz ele.
Apesar do aumento, Herszkowicz não acredita em redução interna de consumo porque os valores atuais do café tiveram pouca variação nos últimos anos.
Dados da Fipe indicam alta de 45,5% nos preços do café em pó nos supermercados de julho de 94 a maio último.
No mesmo período, o café solúvel subiu 62,7%, enquanto a inflação foi de 222,3%.
A estrutura de custos das indústrias, no entanto, se modificou. Além da elevação da matéria-prima, a tributação também passou a pesar mais. A taxa de PIS/Cofins, que era de 2,6%, hoje está em 9,6%, diz ele.
Veículo: Folha de S.Paulo