Em 2009, ano marcado pelos efeitos da crise internacional, vendas diretas movimentaram R$ 21,9 bilhões, aumento de 18,4%.
O mercado de vendas diretas no Brasil é um dos maiores do mundo, atrás apenas de Japão e Estados Unidos. No ano passado, o segmento movimentou R$ 21,9 bilhões no País, aumento de 18,4% na comparação com 2008. Uma taxa de crescimento que não era verificada desde 2005 – e com um porém: o ano de 2009, principalmente em seu primeiro trimestre, foi permeado pelos efeitos da crise financeira internacional que começou em 2008. Isso torna o desempenho ainda mais positivo, mas não inesperado.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd), o segmento acaba ganhando impulso justamente quando há crise. A perda de salário e de emprego, em momentos de turbulência econômica, faz com que as famílias busquem rendimentos extras.
Mas os números mantêm-se positivos também neste ano. No primeiro trimestre, o segmento avançou 19% em relação a igual período do ano passado, registrando um volume de negócios em torno de R$ 5,2 bilhões.
"Para os próximos anos, podemos esperar um contínuo crescimento. O mercado de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal tem apresentado um índice de expansão muito acima das expectativas do aumento do PIB (Produto Interno Bruto). Isso faz com que nosso País fique entre os mais competitivos. Mas outros segmentos – como suplementos alimentares, artigos para o lar e bebidas energéticas – também têm se destacado", afirma o presidente da Abevd, Paulo Quaglia.
Segundo dados da entidade existem no Brasil cerca de 2 milhões de revendedores, sendo que o segmento de cosméticos é o que mais atrai profissionais.
Inês Aparecida Teixeira, de 53 anos, é exemplo dessa realidade. Ela decidiu revender cosméticos da empresa Thipos há quatro meses, como alternativa de complemento à renda familiar. Além disso, essa foi a forma encontrada para se manter no mercado de trabalho. "Sou uma pessoa ativa, mas para o mercado sou considerada velha. Então a venda direta acabou sendo um caminho natural."
E haja disposição para cativar a clientela. A concorrência, principalmente no nicho de cosméticos, é grande. Inês conta que para formar sua base de clientes não poupou esforços. Fez verdadeiras romarias entre salões de beleza e passou a usar a internet como ferramenta de vendas. "Fiz imagens dos produtos que vendo e usei o Orkut para divulgá-los. Essas ações são um complemento importante da propaganda boca a boca que é comum na venda direta."
Ela é uma das 3 mil revendedoras da Thipos, empresa de Sorocaba (SP) que opera desde 2006 e planeja crescer 15% neste ano.
A Jequiti, por sua vez, tem metas mais ousadas. Há três anos atuando em vendas diretas, a companhia encerrou o ano passado com 120 mil vendedores e R$ 209 milhões de faturamento. A marca pretende crescer 115% neste ano, e chegar a uma receita de R$ 450 milhões. Para isso, a projeção é fechar o ano com 185 mil vendedores. Além disso, a empresa resolveu apostar em uma fábrica própria, prevista que deve entrar em operação em 2013. Hoje, ela desenvolve os produtos, mas terceiriza o envase.
Internacional – O crescimento das vendas diretas no Brasil motivou algumas empresas nacionais a buscarem o mercado externo.
A Natura, por exemplo, opera há cinco anos na França. A estratégia foi iniciar as operações com uma loja física, uma vez que o país europeu é pouco habituado com o sistema de venda direta. O modelo porta a porta foi introduzido no segundo ano de atividade da Natura na França. Hoje a marca marca já possui 1,9 mil vendedores no país do continente europeu.
"A operação francesa tem sido um campo de aprendizado e inovação para a Natura. Apesar de ser um mercado menor para venda direta, temos conseguido bons indicadores de atividade e produtividade”, diz o líder de unidade de negócios da Natura na França, Antonio Mônaco.
Veículo: Diário do Comércio - SP