Presença de importados sobe 30% no hipercentro

Leia em 4min 40s

A presença dos produtos asiáticos no varejo da Capital aumentou pelo menos 30% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo Pedro Bacha, presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro de Belo Horizonte, que representa 500 estabelecimentos dos setores de calçados e vestuário. De acordo com ele, a valorização do câmbio e a triangulação de calçados da China são os principais fatores responsáveis pelo aumento da participação de mercadorias importadas no mercado mineiro.

 

"A presença de produtos asiáticos na Capital, principalmente da China, não para de crescer. Com a ascenção de pessoas às classes C e D a procura por estes itens, que na maioria das vezes são mais baratos do que os similares nacionais, aumentou", disse.

 

Apesar de representar o segmento varejista, Bacha não ignora o fato de que esta invasão de mercadorias estrangeiras é prejudical à geração de emprego e renda no Brasil. "Há um efeito muito pesado sobre a indústria em relação a predominância destes produtos. Acredito que a produção nacional deva ser incentivada não só pelo governo como pela própria população", disse.

 

O aumento substancial das importações afeta principalmente a cadeia produtiva. Representantes da indústria de Calçados de Minas Gerais e de outras regiões do Brasil solicitaram ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Receita Federal e ao Ministério da Fazenda que haja extensão da tarifa antidumping, idêntica à aplicada contra a China, no valor de US$ 13,85 por par, para outros países asiáticos.

 

Os empresários do setor defendem a medida como estratégia para acabar com a suspeita de triangulação, alternativa encontrada pelos fabricantes chineses para enviar mercadorias ao Brasil através de países vizinhos, evitando o pagamento da sobretaxa. Por isso a norma deverá ser aplicada também para Malásia, Cingapura, Vietnã e Indonésia.

 

A solicitação, encabeçada pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), teve adesão do Sindicato Intermunicipal da Indústria do Calçado de Nova Serrana (Sindinova), na região Centro Oeste do Estado.

 


Única alternativa -Conforme o presidente do Sindinova, Ramon Amaral, a medida é a única forma de combater a continuidade da invasão de calçados chineses no mercado brasileiro. "Estamos confiantes na adoção de alternativas contra triangulações, não só no caso dos calçados, como de outros produtos. O governo já sinalizou positivamente em relação a essa reivindicação e, em pouco tempo, acreditamos que já estará vigorando", afirmou.

 

De acordo com Amaral, apesar da alta de 20% nas encomendas registradas nos primeiros seis meses deste ano frente o volume comercializado entre janeiro a junho de 2009, os calçados chineses continuam disputando de forma desigual com os similares brasileiros. "Há uma concorrência desleal, em função do valor mais baixo da mão de obra da China e dá qualidade geralmente inferior dos produtos que chegam daquela região", disse.

 

Apesar do incremento registrado pelas indústrias do polo calçadista de Nova Serrana nos primeiros seis meses deste ano, os empresários do setor acreditam que o resultado poderia ter sido ainda melhor não fossem os reflexos da suposta triangulação. "A todo um contexto econômico favorecendo a ampliação da compras. Evidentemente que se não houvesse tanta presença de importados as mercadorias nacionais seriam mais comercializadas", avaliou.

 

O polo de Nova Serrana fabrica cerca de 100 milhões de pares de calçados anualmente, sendo que a maioria das empresas produz até 500 pares por dia. A região é a maior produtora de calçados esportivos do Brasil. Pelo menos 60% das fábricas trabalham com tênis e sapatênis. Logo atrás estão a produção de sandálias (24,9% do mercado) e sapatilhas (10,7%).

 

Nacionais - Mesmo com a concorrência acirrada, a Sapataria Americana, com cinco lojas em Belo Horizonte, opta por priorizar a comercialização de produtos nacionais. De acordo com o gerente de uma das unidades, na avenida Afonso Penna, no Hipercentro da Capital, Edson Pereira Rodrigues, essa é uma tradição da rede. "Mais de 90% dos produtos oferecidos nas lojas são fabricados no Brasil. Essa, aliás, é uma das características da Americana. Temos uma pequena parcela importada da China, cerca de 5%, mas apenas para diversificar", disse.

 

Segundo ele, a rede possui um público consumidor fiel, que faz questão da boa qualidade dos produtos encontrados nos estabelecimentos. "Isso facilita, inclusive, o controle de qualidade das nossas mercadorias, pois estamos mais perto dos nossos fornecedores. A concorrência existe, mas sempre priorizamos os produtos brasileiros", disse.

 

Já o proprietário da Detalhe Calçados, com uma loja região Central de Belo Horizonte, Hélio Ribeiro, disse que chega a ter até 20% dos produtos ofertados no estabelecimento de origem chinesa. De acordo com ele, os produtos importados da Ásia possuem bom acabamento e atendem melhor as classes C e D, com preços mais baratos. "São uma alternativa de ampliar o atendimento às classes populares, pois os preços são mais baratos.  uma forma de aumentar a competitividade. Não podemos abrir mão de ofertar essa opção ao cliente", afirmou.

 

A Parâmetro Calçados, com cinco lojas em Belo Horizonte voltadas para o público masculino, trabalha exclusivamente com mercadorias nacionais. Segundo a auxiliar administrativa da rede, Simone Lopes, a indústria brasileira atende as necessidades da empresa. "Temos oferta de produtos com boa qualidade, quantidade e preços que nos atendem. Não temos medo da concorrência", disse.

 

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


Veja também

Drogaria Araujo abriu duas lojas no 1º semestre

Rede terá mais dez unidades até o fim de 2010, com aporte de R$ 24 milhões.   A Drogaria Ara...

Veja mais
PCs perdem mercado para os notebooks

Os computadores portáteis conquistaram o consumidor e, pela primeira vez, as famílias brasileiras comprara...

Veja mais
Varejo brasileiro deve

O mercado interno fortalecido e a expansão do crédito somados à injeção de investimen...

Veja mais
Redes ampliam marcas próprias e faturamento

A criação de marcas próprias e as vendas delas nas grandes redes já representam, em mé...

Veja mais
Leite e feijão sinalizam mais queda para os próximos meses, segundo GfK

Alimentos básicos na dieta da população, o leite longa vida e o feijão apontam para queda e ...

Veja mais
Indústrias Reunidas Raymundo da Fonte cresce de olho em SP

Estratégia: Fabricante do detergente Brilux e do sabonete Even, grupo de Pernambuco estuda mercado paulista &nbs...

Veja mais
Seca derruba safra de grãos pelo mundo

Trigo é o produto que mais sofre na Ásia, Europa e Oceania, reflexo de transição entre o El ...

Veja mais
Gyotoku pede recuperação judicial

Naoyuki Miguel, fundador da companhia nos anos 60, voltou ao comando da empresa desde o dia 1º   A Cerâ...

Veja mais
Pão de Açúcar informa mudanças ao Cade

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai ter de decidir se as alterações feitas pelo...

Veja mais