Promoções acabam com estoques da Copa

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Os saldões da Copa no varejo de rua ou em shoppings de norte a sul de São Paulo, que começaram com a desclassificação da seleção brasileira se intensificam a partir de hoje. Os descontos para limpar os estoques de produtos sazonais já estão dando bons resultados e muitos produtos ainda vão brilhar nas vitrines para o Dia dos Pais. Os segmentos que mais sentiram a queda de vendas com a Copa, área de TVs e materiais esportivos ligados à seleção brasileira estão entre eles. A queda foi nítida no corredor comercial da Voluntário das Pátria, no bairro de Santana, zona norte de São Paulo, por exemplo. Lojistas da região apontam para queda de entre 20% e 30% nas vendas de TVs de LCD e Plasma, por exemplo. A tática para reduzir os estoques e aumentar sua receita, tanto nas grandes redes como o popular e o eletrônico, é inaugurar a temporada de promoções. Dependendo do segmento, o desconto pode variar de 10% a 70%. No Magazine Luiza de Santana, a receita com a venda de TVs caiu de R$ 300 mil, em uma semana enquanto o Brasil estava classificado, para R$ 205 mil após a derrota para Holanda. Há dois anos como vendedor na loja, Irwin Santiago, disse que "foi preciso baixar os preços para liquidar o estoque".

 

Há 50 metros, na concorrente Casas Bahia, a locutora anunciava promoções. Pipoca e algodão doce foi a fórmula encontrada pelo gerente Leonardo Santos para chamar o cliente para dentro da loja. Ele contou que a queda na venda de televisores de plasma e LCD foi de quase 40%. "Os clientes esperam por baixa de preço para comprar, mas ele não cai tanto assim. Para aumentar as vendas, cobrimos as ofertas anunciadas", destacou. O gerente ressalta que a chegada de novos modelos ajudam a impulsionar as vendas. "Muitos clientes buscam novidades como a TV 3D. Aposto que demanda será muito grande pelo aparelho."

 

No extremo oposto da cidade, a loja da Fast Shop do Shopping Morumbi também amargou queda de vendas de 30% em televisores de plasma e LCD. O gerente da loja, Carlos Pires, ressaltou que a queda foi geral. "Fazemos pesquisa de mercado na concorrência. As vendas de televisores caíram na média de 30%." Pires contou que uma das concorrentes baixou o preço dos televisores imediatamente após a derrota do Brasil. "Todos devem ter o mesmo comportamento." Na visão dele, as vendas e os estoques se normalizam em agosto, principalmente no Dia dos Pais.

 

Supermercados

 

Satisfeito com as expectativas atendidas durante seu "Saldão de Eletrônicos", só na última semana o Walmart aumentou suas vendas de televisores de LCD a mais de 20%, ofertando descontos de 25% no preço dos aparelhos.

 

Os itens de linha branca (geladeiras, máquinas de lavar, fogões e tanquinhos), computadores, celulares e eletroportáteis receberam descontos de até 70%, o que, segundo a rede, é o percentual de uma tática mais "agressiva" do planejamento de marketing da empresa, com resultados bastante positivos de vendas.

 

No nordeste, a rede de supermercados Bompreço também realizou na semana passada o "Saldão de Eletro" em todas as lojas da bandeira Hiper Bompreço. A iniciativa reduziu em até 25% o preço de diversos itens de linha branca, informática e vídeo, assim como os televisores de 32 polegadas, seguindo o planejamento do grupo Walmart.

 

Com o saldão, a expectativa da empresa é incrementar em 40% as vendas dos produtos na região. A variedade da ação inclui notebooks, impressoras, máquinas de lavar, refrigeradores e fogões.

 

Bandeiras de peso como Ponto Frio (e.com), Extra.com e a recém-criada Nova Casas Bahia, resultante da fusão de Grupo Pão de Açúcar e Casas Bahia, apostou em parcelamentos extensos em até 18 meses sem juros nas vendas efetuadas com cartões de crédito próprios das duas bandeiras, e em até dez parcelas sem juros no cartão próprio para lojas físicas Ponto Frio. Entre maio e junho de 2010 houve um crescimento nas vendas de 110%, se comparado com 2009.

 

Materiais esportivos

 

Outro setor que sofreu grandes perdas com a desclassificação do Brasil foram as lojas de material esportivo e de roupas ligadas ao tema Copa e seleção brasileira.

 

Na loja da Nike, do MorumbiShopping, a queda nas vendas chegou aos 90%. Segundo os funcionários, as vendas estavam muito aquecidas até a semana do dia 2 de julho. "A derrota do Brasil fez o movimento cair vertiginosamente", confidenciaram.

 

Outra loja de material esportivo, no mesmo shopping, a Bayard, também sentiu queda de 90% nos materiais com a marca da seleção nacional. Elvio Júnior, vendedor responsável da loja contou que o estoque de camisa da seleção está baixo. "A Nike ainda [fabricante da camisa] não autorizou as lojas a concederem descontos." Júnior ressalta que em um mês os estoques devem voltar ao normal e o faturamento médio de R$ 700 mil, recuperado.

 

A grande aposta, segundo ele, é a chegada do Dia dos Pais. "Para o segmento esportivo, a data significa o segundo Natal."

 

Especializada em roupas com tema "Brasil", a BR 111 viu o incremento de 50% nas vendas se dissolver depois da eliminação da seleção.

 

A subgerente Josiane Barros destaca que o movimento voltou ao normal. "O brasileiro só é nacionalista quando acontece jogo. No restante do ano, vendemos para estrangeiros, principalmente os mexicanos. Eles adoram nosso país."

 

Perspectiva

 

A pesquisa "Perspectiva Empresarial para 2010", realizada pela Serasa Experian em uma população de mil empresários do Brasil, diz que 50% deles fizeram algum tipo de promoção relacionada ao tema Copa do Mundo.

 

Esse mesmo percentual de varejistas acredita que o faturamento de sua empresa em 2010 dobre em comparação com os meses de junho e julho do ano passado.

 

Entre os produtos mais procurados pelos consumidores, a pesquisa revela: artigos de torcida (53%), televisores de alta definição (22%), bebidas (16%), televisores convencionais (4%) e eletrônicos (1%).

 


Veículo: DCI


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