Tetra Pak revisa estimativa de demanda; emergentes são destaque
A recuperação da economia, após a crise financeira de 2008/2009, ocorreu mais rápido do que se imaginava, principalmente nos países em desenvolvimento, e levou a Tetra Pak a rever para cima a estimativa de consumo mundial de produtos lácteos no ano passado.
A última edição do Tetra Pak Dairy Index, pesquisa global sobre tendências de consumo na indústria de leite divulgada ontem, estimou um consumo de 264 bilhões de litros em 2009, 1,8% a mais do que no ano anterior. Na edição de dezembro da pesquisa realizada pela fabricante sueca de embalagens longa vida, a previsão era de 263 bilhões de litros, com crescimento de 1,3%.
A pesquisa considera apenas os produtos lácteos líquidos.
"A recuperação econômica foi mais rápida, sobretudo em países que têm crescido substancialmente, como China, Índia e Brasil", disse Dennis Jönsson, CEO e presidente do grupo Tetra Pak, em teleconferência com jornalistas.
Eduardo Eisler, diretor de marketing da Tetra Pak do Brasil, lembrou, em entrevista após a teleconferência, que o mercado de lácteos da China sofreu em decorrência dos casos de contaminação com melamina, em 2007, mas a recuperação tem sido rápida.
Também por conta da retomada econômica, a Tetra Pak elevou a previsão de incremento do consumo de lácteos líquidos entre 2009 e 2012 no mundo. A projeção feita em dezembro indicava avanço a uma taxa anual acumulada de 2,2% - agora, o percentual é um pouco maior, de 2,4%. Com isso, a demanda por lácteos deve atingir 283,2 bilhões de litros em 2012, projeta a pesquisa. O levantamento elevou a estimativa de evolução do consumo no período na China (de 7,1% para 9%), no Brasil (de 3% para 3,2%) (ver quadro). Em países da Europa, onde a produção cai, a demanda também recua.
No Brasil, o consumo de produtos lácteos líquidos somou 12 bilhões de litros ano passado e deve alcançar 13 bilhões este ano, afirmou Eisler. Ele destacou que a demanda continua crescente nos Estados do Nordeste e também no Norte, graças ao aumento da renda da população.
A nova edição da pesquisa da Tetra Pak destaca as mudanças demográficas que podem influenciar a demanda por lácteos, como o envelhecimento da população, a urbanização e a classe média emergente no mundo.
Jönsson vê oportunidades de crescimento em decorrência desse novo cenário. O envelhecimento da população, por exemplo, deve ampliar a procura por produtos com diferenciais, como lácteos com adição de cálcio ou vitaminas.
Ele também avalia haver possibilidades de crescimento por causa da urbanização. Um dos exemplos é a China, onde se estima que a população urbana vá superar a rural em 2013, alcançando 669,9 milhões - hoje são 633 milhões ou 47,2% do total. "Nas cidades, moradores são mais bem informados e têm mais renda para gastar com lácteos", disse Jönsson.
Afora esses dois fatores, o crescimento da classe média em países em desenvolvimento também deve elevar a demanda por lácteos, acredita a Tetra Pak. "O consumo está crescendo no Brasil, China e Índia e continuará a avançar", afirmou o executivo. Para ele, com a renda em crescimento, a classe média emergente está disposta a comprar mais. "O consumidor quer encontrar o produto certo pelo preço certo".
Um segmento que registra avanço dentro dessa nova classe média é o premium, que inclui leite com sabor, fortificado e iogurtes. Mas as classes mais baixas também são uma oportunidade, na avaliação da Tetra Pak. Nesse segmento, há espaço, por exemplo, para produtos lácteos em embalagens menores.
Veículo: Valor Econômico