No centro de uma série de más notícias envolvendo a sua principal herdeira, o grupo L'Oréal divulgou ontem os seus resultados financeiros e atraiu, pelo menos temporariamente, a atenção para o desempenho financeiro positivo do grupo. Os números foram celebrados pelo mercado graças ao volume de vendas registrado nos chamados "novos mercados", informa a companhia - com enfoque especial ao Brasil, como destaca a empresa no relatório publicado.
Além da referência aos mercados emergentes, a companhia reforçou ontem a informação de que está analisando novas aquisições pelo mundo. "A empresa está ocupada, estudando novas oportunidades", disse aos analistas o CEO do grupo, Jean-Paul Agon.
Dona de marcas como L'Oréal, Lâncome, Vichy e Maybelline, o grupo faturou € 9,6 bilhões no primeiro semestre, uma alta de 10,2% nas vendas brutas em relação a igual período de 2009.
Maior empresa de cosméticos do mundo, a companhia registrou uma velocidade de crescimento mais forte nos últimos meses. Entre abril e junho, a receita cresceu 12,4%.
"Já crescíamos de maneira rápida no primeiro trimestre, quando atingimos maior velocidade de expansão dos últimos três anos no período, e isso continuou no segundo trimestre", afirmou Agon.
No caso dos mercados emergentes, a companhia citou especificamente cinco países: Brasil, China, Índia, Indonésia e Rússia, onde aconteceram os maiores "avanços" nas vendas. Na América Latina, a expansão do grupo foi de 35,1% de janeiro a junho. É a maior taxa de expansão entre todas as regiões analisadas e superior, inclusive, ao crescimento dos "novos mercados" (que incluem Ásia, Oriente Médio, Europa Oriental e África), com alta nas vendas de 22%.
Na análise por segmento, as maiores altas nas vendas foram registradas em produtos de luxo e na linha profissional da L'Oréal. Na categoria luxo, a empresa cita duas linhas específicas: Lancôme e a Yves Saint Laurent. "O bom desempenho dos segmentos de alto luxo e de produtos profissionais [Kérastase e Matrix], reforçado pelos resultados dos mercados emergentes explicam os números", diz, em relatório, Simon Marshall-Lockyer, analista da Jefferies International.
Em recente entrevista ao Valor, o comando da L'Oréal informou que a estratégia de crescimento do grupo no Brasil passa por uma maior expansão das vendas no pequeno varejo, dirigido à classe média emergente.
Ontem, quando os resultados da L'Oréal foram publicados, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, rebateu as acusações de que seria peça do escândalo que envolve a herdeira do grupo, Liliane Bettencourt. Esta teria contribuído de forma irregular para a campanha de Sarkozy.
Veículo: Valor Econômico