Mercado corporativo está cada vez mais interessado no que o consumidor diz publicamente e abre espaço para nova carreira
Dois anos foram suficientes para que o número de internautas em comunidades virtuais no Brasil passasse de 18,531 milhões em maio de 2008 para 24,267 milhões em maio deste ano, aumento de quase 31% considerando o acesso domiciliar, segundo o Ibope Nielsen Online. A tendência de crescimento abre caminho para importantes canais de contato para grandes empresas e, consequentemente para uma nova oportunidade profissional, na qual se inclui Roberto Aloureiro, gerente de mídias sociais da Construtora Tecnisa. “Eu cuido de cerca de 10 mídias sociais diferentes e todas são usadas de acordo com nosso modelo de negócio, tanto para resposta a consumidores quanto para geração de conteúdo”, diz Aloureiro.
Esta é uma das oportunidades de carreira consideradas por profissionais de Recursos Humanos como promissoras para os próximos dez anos. “As empresas começam a entender a importância de criar uma gestão de mídias sociais para administrar os riscos da imagem de sua marca. Caso isso não ocorra, elas vão começar a ter dificuldade em atingir seus resultados financeiros”, diz André Assef, diretor da Desix, consultoria em recursos humanos especializada em tecnologia da informação.
Benefícios e desafios
O trabalho de Aloureiro, realizado praticamente 24 horas por dia, não o assusta. Ele considera sua remuneração compatível para as cerca de dez horas que passa na empresa e o acompanhamento extra que faz depois do expediente. “O salário de um profissional que trabalha com mídias sociais pode variar de R$ 3,5 mil a R$ 15 mil, considerando os cargos de analistas a gerente”, afirma.
No final de 2009, Aloureiro, com graduação em Publicidade e MBA em Marketing, chegou a receber duas propostas por semana para trabalhar em outras empresas como gerente de mídias sociais. “Atualmente 90% dos usuários acreditam no que lêem nas comunidades virtuais. A internet é uma grande rede de informações. Eu cuido dos dados que as pessoas vão encontrar sobre a empresa”. Porém, segundo Assef, apesar da crescente demanda, engana-se quem pensa que este é um trabalho simples de ser desempenhado. “A empresa corre riscos ao delegar a alguém o poder de responder por ela e o profissional que assume esta responsabilidade também assume riscos, por isso ele precisa estar muito preparado e a par de todo o planejamento estratégico”, diz o consultor.
Terceirizar ou contratar
Apesar demuitas empresas ainda terceirizarem os serviços comagências para atuar nas comunidades virtuais, a demanda pelo profissional interno demonstra ser crescente. Além da Tecnisa, o Pão de Açúcar também mantém um gerente digital. Até a Casa Branca já aderiu à tendência. Em fevereiro deste ano o site do governo americano Organizing for America — Barack Obama publicou vaga para Social Networks Manager, ou seja, gerente de redes sociais.
■ WEB NO BRASIL
A participação de internautas em redes sociais é de 24 milhões
■ EXPANSÃO
Volume de internautas em comunidades, 31%
Futuro está no ambiente e na inovação
Gerente de eco-relações e outras profissões relacionadas à tecnologia estão em alta
O setor de sustentabilidade e meio ambiente estão listadas entre as profissões mais promissoras da próxima década. O gerente de eco-relações foi a principal oportunidade de carreira descrita na pesquisa “Carreiras do Futuro”, do Profuturo Programa de Estudos do Futuro (Profuturo), da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Diferente de um gerente ambiental, suas funções são ampliadas para a interação entre outros setores.“Esse novo profissional de eco-relações deve ter, além do conhecimento técnico emquestões ligadas à engenharia e meio ambiente, extrema habilidade política e de comunicação”, diz Antonio Tiago, um dos coordenadores do Programa. O estudo incluiu mais de 200 especialistas para traçar o painel de tendências, entre os quais profissionais do mercado, pesquisadores e consultores. Seguem em sequência na lista de potenciais ainda os cargos de diretor de inovação, gerente de marketing de comércio eletrônico, conselheiro de aposentadoria, coordenador de desenvolvimento da força de trabalho e educação continuada e cientistas especializados em genética, cujo trabalho é integrado ao dos cientistas que desenvolvem medicamentos.
Veículo: Brasil Econômico