O esmalte virou objeto de culto

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Com o surgimento de cores novas, as vendas dispararam e os vidrinhos viraram item de coleção. A culpa toda é da Chanel

 

Cores com nomes próprios. Milhões de jovens ansiosas. Quilômetros de postagens em blogs e milhões em lucros para as empresas. Eis o maravilhoso novo mundo dos esmaltes. A tinta colorida que enfeita as unhas das mulheres desde o século III a.C. ganhou status de celebridade e foi elevada à nobre categoria de objeto do desejo. No serviço de atendimento ao telespectador da TV Globo, as marcas dos esmaltes usados pelas atrizes já correspondem a nove das dez informações mais pedidas. Um levantamento feito pelo instituto Nielsen aponta neste ano um crescimento de quase 32% nas vendas de esmaltes. Em 2009, foram vendidos 169 milhões de tubinhos, quase um para cada brasileiro. É um mercado que movimenta R$ 330 milhões. A designer carioca Roberta Balbi, de 27 anos, adora essa abundância: “A oferta ficou tão grande que sempre que eu vou à loja saio com cinco ou seis vidrinhos”.

 


O que alavancou a popularidade desse ornamento? “Foi a Chanel que promoveu essa mania”, diz a jornalista e crítica de moda Lilian Pacce, referindo-se à gigantesca maison francesa. “Ela deu ao esmalte um status que ele não tinha, despertou o desejo no público.” O lançamento célebre da marca foi o Black Satin, em 2006, que tornou chique usar esmalte preto. O grande hit da Chanel, porém, foi o Jade, verde-claro lançado pela empresa em 2009. O sucesso foi tamanho que concorrentes do mundo inteiro se apressaram em copiar o tom. Verde, que era exótico, virou básico – e criou demanda por novidades ainda mais chamativas. A última sensação da Chanel chama-se Nouvelle Vague, outro tom de verde. Ele chega às lojas brasileiras na semana que vem já como clássico envolto em frisson.

 


Os mais de 300 blogs que tratam de esmaltes no Brasil demonstram a crescente popularidade do assunto. Um dos mais antigos é o Mão Feita, fundado em 2008, que tem 20 mil visitas diárias. As “dondocas”, como se autointitulam as autoras, escrevem sobre lançamentos e dão opinião sobre cores e efeitos. A estudante Isadora Vergara, de 20 anos, é editora do Nós Amamos Esmalte, no ar desde janeiro deste ano. Em poucos meses, já ostenta a marca de 1.000 acessos por dia e tem parceria com cinco fabricantes de esmaltes. Sua autora tem uma coleção de mais de 250 cores – mas está sem tempo para trocar de tom todos os dias, como costumava fazer.

 


As empresas tratam os blogs com a mesma atenção que dedicam à mídia tradicional. “Há um ano e meio, começamos a mandar nossos produtos para 60 blogueiras”, diz Luciana Marsicano, diretora da Impala. “Hoje, são mais de 300 blogs.”

 


A partir do Jade, desenvolveu-se uma prática curiosa de tropicalização, que se estendeu a outras tonalidades. Assim que uma nova cor é lançada, alguém mistura produtos nacionais em busca de um tom parecido. A vendedora Lesley Goedgezelschap, de 30 anos, é uma dessas alquimistas. “Vi na internet o Sereia (da marca Impala), e misturando meus tons cheguei bem perto”, afirma. No ritmo em que avançam os lançamentos, ela terá muito que misturar nos próximos anos.

 


Veículo: Revista Época


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