Preço final do café pode registrar alta de 15%

Leia em 4min 20s

O preço do café voltado para o consumo final deve apresentar aumento de 15% nos próximos meses, impulsionado pela valorização do grão no mercado internacional. Nos últimos 40 dias, foi registrado incremento de 25% nos contratos futuros do grão na bolsa de Nova York, principal referência para o mercado mundial.

 

De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Nathan Herszkowicz, a redução de safra em importantes países produtores está estimulando as negociações do grão produzido no Brasil, principamente em Minas Gerais. As indústrias estão pagando cerca de R$ 40 a mais pela saca, se comparado aos preços praticados há 40 dias. A expectativa é que as cotações se mantenham estáveis com tendência de alta no restante do ano e em 2011.

 

Segundo Herszkowicz, a alta significativa se deve à escassez de cafés de boa qualidade devido à queda na safra da Colômbia e países da América Central, ao atraso da colheita no Vietnã e à ausência do produto de melhor qualificação no início da colheita no Brasil.

 

Diante deste cenário, a oferta mundial ficou estreita e a conseqüência foi a elevação nos preços. O café arábica, que há 40 dias era comercializado a R$ 300 a saca de 60 quilos, está cotado entre R$ 400 e R$ 410. A cotação do café fino está em R$ 35 o quilo, com tendência de alta próxima a R$ 5 nos próximos meses.

 

"A produção brasileira de café, por estar em um ano de bienalidade positiva, consegue atender às demandas interna e externa. Porém, a oferta não será abundante, o que é essencial para manter os preços do café em alta", disse Herszkowicz.

 

O aumento dos preços registrado nas comercializações industriais irá refletir no produto voltado para o consumidor. A expectativa é que ocorra reajuste de até 15% nos preços.

 

Consumo - Para o diretor executivo da Abic, a alta não vai interferir no nível de consumo do país. A justificativa é a estagnação dos preços finais há cerca de cinco anos. "Há cinco anos a indústria enfrenta a estagnação dos preços. A alta não irá prejudicar o consumo, já que neste período ocorreu o aumento da renda da população, o que minimiza o impacto no bolso do consumidor", argumentou.

 

As expectativas em relação à cotação para a próxima safra também são positivas, já que a produção mineira e brasileira será menor que a gerada na safra 2009/2010. "Os estoques mundiais do grão estão baixos e os compradores poderão antecipar as compras se baseando na redução da próxima safra. Porém, com o aumento do consumo mundial e a redução da produção da Colômbia, a demanda em 2011 será mantida e os preços também", previu.

 

O aumento dos preços pagos pela saca de café e a ampliação da comercialização do produto no mercado internacional ainda são considerados insuficientes para estimular a retomada dos investimentos dos produtores de Minas Gerais na cultura.

 

Segundo o presidente da Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes Abreu, a retomada dos investimentos em tratos culturais, mecanização e renovação dos cafezais irá depender da geração de renda dos produtores, para isso é necessário que a saca do produto seja comercializada no mínimo a R$ 350, sendo os custos de produção de R$ 320. Outro fator que está impedindo os aportes no segmento é o endividamento dos produtores mineiros.

 

"Estamos enfrentando um mercado desfavorável para o café há cerca de dez anos. Neste período, a grande oscilação dos preços e a falta de políticas eficientes para o setor fizeram com que a maioria dos produtores ficasse endividada, o que impede o acesso ao crédito e inviabiliza novos investimentos na cultura", disse Ximenes.

 

Para o presidente da CNC, a instabilidade do mercado e dos preços pagos pelo grão impedem a elaboração de planos para investimentos futuros. "O produtor deve aproveitar a alta registrada nos preços para comercializar a safra e priorizar a quitação das dívidas. Os investimentos devem ser bem planejados já que não sabemos qual será o comportamento dos preços do café no futuro", disse Ximenes.

 

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção mineira de café beneficiado alcançará 23,94 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2009/2010. O resultado representa um acréscimo de 20,44% quando comparado com a produção de 19,8 milhões de sacas obtidas na safra anterior. Minas Gerais é o maior produtor de café do país, respondendo por 50,9% do volume nacional.

 

O maior acréscimo no volume produtivo será registrado no café arábica, com produção estimada em 23,69 milhões de sacas, o que representa um ganho sobre a safra anterior de 20,9%. A qualidade responde por 98,9% da produção mineira. No Estado, cerca de 50% do café já foram colhidos.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


Veja também

Trigo segue em retração

O mercado brasileiro de trigo permanece sem fundamentos de alta, conforme pesquisas do Cepea. Com o término do pl...

Veja mais
Itacitrus quer maior presença no exterior

A Itacitrus, maior exportadora brasileira de limão taiti, quer criar uma marca global e outras segmentadas, que r...

Veja mais
Embalagem reduz perda de frutas

Produtores de caqui e morango de Nova Friburgo (RJ) estão experimentando novas embalagens de papelão e pl&...

Veja mais
Compra de mercadorias importadas deve subir

A valorização do real em relação ao dólar está provocando o aumento da presen&...

Veja mais
Fabricantes de biscoitos

A participação de fabricantes de biscoitos na Fancy Food, realizada em Nova Iorque no final de junho, deve...

Veja mais
Hering vai abrir sete lojas em Minas Gerais

Após faturar R$ 513 mi em 2009, especula-se que a empresa atinja o primeiro bilhão em 2010.   A dec...

Veja mais
Lucro do grupo Pão de Açúcar cai para R$ 62,3 mi no 2º trimestre

O grupo Pão de Açúcar divulgou ontem o balanço e anunciou lucro líquido de R$ 62,3 mi...

Veja mais
Citricultor e indústria mais perto de acordo sobre preço de laranja

Depois de um "puxão de orelha" do secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio, prod...

Veja mais
Leite recua no país com aumento da produção

Os preços do leite pagos aos produtores voltaram a recuar em julho, segundo levantamento do Cepea/Esalq. A cota&c...

Veja mais