A valorização do real em relação ao dólar está provocando o aumento da presença de produtos importados, sobretudo da China, no comércio de Belo Horizonte. E, de acordo com lojistas, o número de mercadorias trazidas do exterior deve crescer ainda mais no segundo semestre, já que, tradicionalmente, este é o período em que o setor registra melhores vendas. Ainda segundo eles, o preço, que chega a ser até 70% mais baixo do que o cobrado pelos artigos nacionais, é o principal motivo do crescimento de até 20% nas compras externas realizadas de janeiro a junho deste ano.
Na Loja Elétrica, por exemplo, o volume importado no primeiro semestre de 2010 foi 10% superior ao registrado de janeiro a junho do ano passado. Segundo o diretor Administrativo e Financeiro da empresa, Wagner Mattos, o número de itens trazidos do exterior tem aumentado gradativamente, em função do aquecimento da economia e da conseqüente alta na demanda.
"Parte do que vendemos hoje é fabricado na China. Muitas indústrias estão instalando unidades no país aiático devido à grande oferta de mão de obra barata, o que permite a redução do preço final das mercadorias", disse.
De acordo com Mattos, atualmente, o mix de produtos da Loja Elétrica, que possui oito pontos de venda no Estado, é composto por 22 mil itens. Deste total, aproximadamente 5% são provenientes do exterior. "Entre as principais mercadorias que buscamos em outros países estão ventiladores de teto, luminárias e ferramentas, além de fios e cabos especiais", disse.
Conforme o diretor, as encomendas para o segundo semestre já foram finalizadas e em quantidade maior do que os pedidos feitos de janeiro a junho. Isto porque, neste período, a procura pelos artigos também tende a aumentar.
Na M&Guia Comércio de Vestuário Ltda, que comercializa roupas finas femininas, em duas lojas da Capital, as importações do primeiro semestre foram 20% maiores do que em igual período de 2009. Conforme a proprietária, rika dos Mares Guia, a empresa compra produtos de países como França, Inglaterra, Itália e Estados Unidos.
De acordo com ela, o aumento se deve ao número de marcas que a M&Guia revende no Brasil (somente neste ano, foram incorporadas mais três grifes) e ao crescimento da demanda. "Os clientes estão cada vez mais exigentes, procurando produtos exclusivos e internacionais", explicou.
Atualmente, a rede comercializa mais de 40 marcas, entre nacionais e internacioais. Do total de produtos vendidos nas lojas M&Guia, cerca de 50% são trazidos do exterior. Segundo a proprietária, o principal atrativo em comercializar artigos importados está na grande variedade de itens e nos preços acessíveis.
"Além disso, conseguimos trazer mercadorias que nossas clientes raramente conseguem encontrar quando vão ao exterior fazer compras. Isto permite um atendimento personalizado", destacou.
Ainda de acordo com Érika dos Mares Guia, a formação de estoques de produtos vindos do exterior acontece com antecedência de pelo menos seis meses. "Os itens que serão comercializados no Natal foram todos encomendados no final de junho. Na moda, é muito importante trabalhar com antecedência. Pois, só assim, conseguimos antecipar coleções e garantir produtos diferenciados o ano inteiro", afirmou.
Perfumes - Já na importadora Chen, especializada na comercialização de perfumes, maquiagens e cosméticos, a compra de mercadorias importadas de janeiro a junho foi 5% maior do que a registrada na mesma época do ano passado. Conforme a supervisora de vendas da rede, Telma Ferraz, atualmente, dos mais de 600 produtos comercializados pela Chen, somente 1% tem procedência nacional.
"A nossa atuação é direcionada à venda de produtos estrangeiros. Nossos clientes já nos procuram com a intenção de adquirir itens vindos do exterior", disse.
Segundo Telma Ferraz, a compra dos artigos importados acontece periodicamente, por meio de distribuidoras. Para se ter uma ideia, conforme ela, todos os meses são adquiridas diferentes mercadorias. "O estoque está sempre sendo renovado. Assim, quando nos aproximamos de determinada data ou período em que a demanda é maior, já estamos preparados para atender", explicou.
A Suggar Eletrodomésticos é outra empresa que tem ampliado o volume de produtos trazidos do exterior. E a variedade de itens importados da China, praticamente dobrou nos últimos meses. Hoje, dos 150 eletrodomésticos comercializados, 94% têm procedência no país asiático.
No ano passado, 500 contêineres encomendados pela Suggar chegaram aos portos brasileiros, número que deve subir para 730 até o final de 2010. Conforme explicou o proprietário da empresa, José Lúcio Costa, o aumento é justificado pela alta competitividade dos produtos vindos daquele país. Segundo ele, em 2009, o ganho gerado por estes artigos correspondeu a R$ 150 milhões.
Veículo: Diário do Comércio - MG