Dispara venda de esmalte e falta vidro

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Foram vendidas 169 milhões de unidades em 2009 e para este ano são estimadas 180 milhões

 

A disparada na venda de esmaltes no Brasil tem gerado uma situação, até então, inusitada nesse setor. Faltam embalagens, especificamente aqueles pequeninos vidros de esmaltes, de não mais de 10 mililítros, cruciais para a venda - visto que não há uma embalagem substituta. A solução das empresas foi importar o produto da Índia, um dos maiores fabricantes no mundo desse vidrinho.

 

A combinação de demanda aquecida e falta de embalagem pressiona os preços dos esmaltes nos últimos meses - alta que varia de 5% a 10% em redes de farmácias. O vidrinho do esmalte no atacado custa cerca de R$ 1, quase 50% do preço final, que em 2009 era de R$ 1,80, em média, e subiu neste ano para algo entre R$ 2,20 e R$ 2,30. Grandes fabricantes conseguem pagar até R$ 0,30 pelo vidrinho.

 
 
No Brasil foram vendidos 169 milhões de esmaltes em 2009. Neste ano deve ser superada a marca de 180 milhões - um esmalte para cada brasileiro. O Brasil é o maior mercado do mundo em esmaltes. As vendas, em valor, subiram neste ano 33% até março, segundo dados da Nielsen.

 

"Todo mundo no setor tem percebido a falta [dos vidros]. A solução é trazer o produto de fora. Temos contrato com fornecedores na Índia há algum tempo, mas eles também só atendem se o volume pedido é grande", diz a diretora-geral da área de cuidados pessoais da Impala, Luciana Marsicano. "Existe a falta porque os fornecedores não estavam preparados para esse crescimento", diz Marcelo Nogueira, dono da agência Extreme Global Licensing, responsável pela marca Ana Hickmann.

 

O aumento nas vendas também teve outro novo efeito no mercado. Tornou-se mais complexo o plano de lançamento. Secretamente, as grandes companhias têm buscado criar novas cores em parcerias com fornecedores de insumos e empresas terceirizadas - que têm se comprometido, muitas vezes em contratos por escrito, a não dar detalhes do plano de fabricação das empresas. Os nomes dos esmaltes, criados pela área de produto das companhias, são mantidos a sete chaves até a distribuição ao varejo.

 

"Após o lançamento, as cópias feitas por empresas menores aparecem, até porque a fabricação é algo simples. Mas até lá, nada pode vazar", diz Nogueira.

 

Hoje, o maior esforço das empresas é o de administrar riscos de gargalos na produção. Com os vidros, a dificuldade é que falta uma embalagem substituta. O plástico, além de ser mais fosco que o vidro, ainda tem componentes na fabricação que, em contato com o esmalte, podem alterar a formulação. "O problema é que os produtores lá fora só aceitam pedidos dos vidrinhos de mais de um milhão de unidades. Nem sempre se quer tudo isso. Estoque alto só empata dinheiro", diz um fornecedor de vidros.

 

Mesmo sob risco de gargalo, os lançamentos batem recorde. A indústria tem criado novos produtos dentro das tendências de cores da moda, num movimento iniciado em 2007. Na Risqué, marca da Hypermarcas, serão oito novos produtos para a coleção primavera/verão - foram cinco nas mesmas estações em 2009. A Big Universo, que distribui ao pequeno varejo, deve dobrar o volume de lançamentos - oito neste ano contra quatro em 2009.

 

Na Ana Hickmann, a produção, de 400 mil unidades em outubro, pulou para 800 mil ao mês neste ano. E para manter o ritmo de vendas o ano todo, a Impala criou até minicoleções (lançadas entre cada estação, como faz a indústria de roupas) para não parar de colocar produto nas lojas. "São doze itens a cada nova coleção neste ano e mais cinco ou seis novos esmaltes nas intercoleções", diz Luciana.

 

Segundo dados da Nielsen, o volume de vendas cresceu quase 14,5% em 2009. Em valor, a alta chegou a 32% no ano passado.
 

 

Nome extravagante atrai consumidora

 

Nada de cores com nomes simples como "Rosa", "Branco" ou "Vermelho". Na lista de lançamentos recentes das maiores indústrias de beleza, os produtos são batizados propositadamente de forma extravagante . "Noite quente", "Lápis Lazuli" e "Armadilha Rosa" estão gravados nas embalagens de esmaltes que estão nas redes de farmácia atualmente. E essas "referências criativas", dizem as companhias, existem por uma boa razão. "As consumidoras pedem o produto, muitas vezes, pelo nome do esmalte", diz Clarissa Ezaki, gerente comercial da Orion Cosméticos. "E elas guardam esses nomes e trocam informação entre si".

 

Acaba virando um marco e uma referência também para cópias. Apelidada de Matte Flúor, a Impala lançou uma linha com cores extremamente chamativas (como laranja e roxo), para os desfiles na São Paulo Fashion Week deste ano. "Semanas depois, empresas de menor porte já tinham produtos parecidos nas lojas. É parte do jogo", diz Luciana Marsicano, diretora-geral de cuidados pessoais da Impala.

 

Pesquisa realizada pela Avon mostra que 39% das brasileiras vão à manicure regularmente, pelo menos uma vez por semana, bem acima dos 15%, em média, no mundo. O baixo preço do serviço em relação a outros países explicam a taxa elevada.

 

Na Avon, a venda de esmaltes ocorre num ritmo duas vezes e meia superior ao de venda de maquiagem, informa Ricardo Patrocínio, diretor de marketing da empresa no Brasil. Em 2009, foram sete novos esmaltes e em 2010 devem ser 14 produtos novos.(AM)
 

 

Veículo: Valor Econômico


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