Fim do IPI reduzido leva à queda de 33% na produção de linha branca em julho

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A produção industrial brasileira voltou a crescer em julho, depois de três meses de acomodação. A alta de 0,4% na produção entre junho e julho mostrou, na visão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma retomada na trajetória de avanço, embora a patamares inferiores aos do primeiro trimestre. Na comparação com julho de 2009, a produção subiu 8,7%, mas com um baixo resultado, apenas 2,2% de alta em bens duráveis.

 

Esse resultado foi influenciado pela ressaca do fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aliada ao "efeito Copa", que fez a renda disponível ser aplicada em televisores de maior valor agregado. Juntos, estes dois movimentos provocaram uma queda de 33% na produção de eletrodomésticos de linha branca em julho na comparação com igual mês de 2009. Em relação a junho (sem ajuste sazonal), a retração na linha branca foi de 29,6% , item que influenciou os 6% de queda apresentados no mesmo período pelo setor de máquinas e equipamentos.

 

"O que se observa para o mês de julho é um ritmo menos intenso que no primeiro semestre do ano. No final do primeiro trimestre o setor industrial alcançou o nível mais alto da série e inicia o terceiro trimestre em crescimento, mas com ritmo menor", diz André Macedo, economista da coordenação de indústria do IBGE. "A leitura é de que há recuperação, mas em ritmo mais lento do que vinha antes."

 

A principal contribuição para o avanço da produção industrial em julho foi do grupo de veículos automotores, com alta de 3,6%. Para Macedo, o segmento foi puxado por caminhões e autopeças, com reflexos nos bens de capital e nos intermediários, respectivamente. "Os caminhões são favorecidos também por programas governamentais e do BNDES , como o pró-caminhoneiro", frisou Macedo.

 

Apesar do aumento da produção de caminhões, os bens de capital registraram queda de 0,2% na série com ajuste sazonal. Para Macedo, o recuo na categoria de uso - o segundo depois de queda de 2% em junho - segue sendo visto como uma acomodação, uma vez que os bens de capital vinham em alta de 14 meses, desde abril do ano passado, até o recuo de junho.

 

"Até porque os bens de capital continuam sendo líderes no acumulado do ano, com 28,3%", disse Macedo. Questionado sobre a queda de 6% na produção de máquinas e equipamentos, destacou que a principal influência negativa foi da linha branca afetada pelo fim da desoneração do IPI.

 

Valdemir Gomes Dantas, presidente da Latina, que tem 55% de seu faturamento originado da fabricação de lavadoras de roupa, conta que no acumulado de janeiro a julho as vendas da empresa estão 5% acima do mesmo período do ano passado, mas 7% abaixo do esperado.

 

Dantas explica que os fabricantes do segmento já esperavam uma acomodação do mercado por conta do fim da redução do IPI. Ele conta que, em razão de altos estoques no comércio, o preço sem IPI passou a aparecer na ponta, na venda ao varejo, somente em abril. Para o período seguinte, entre maio e junho, já era esperada uma queda de vendas. "Com a Copa do Mundo, a venda de televisores cresce e a dos demais eletrodomésticos tende a cair. Mas neste ano fomos pegos de surpresa", diz.

 

Ele conta que na compra de novos televisores, houve uma troca por um aparelho de maior valor agregado. "Antes se trocava uma TV de 29 polegadas por uma de 33 ou 35 polegadas. Neste ano as pessoas trocaram TV de tubo por LCD ou plasma." Com a opção de compra por produtos relativamente muito mais caros, acredita Dantas, a disponibilidade de renda para os demais eletrodomésticos caiu mais do que costumava acontecer.

 

Esses fatores ajudam a explicação a queda de produção de 33,7% na linha branca em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Dantas, porém, lembra que parte da queda deve ser atribuída à base alta de comparação. "A redução de IPI da linha branca começou em abril do ano passado e teve seus efeitos mais fortes em maio, junho e julho." Em julho de 2009 a produção da linha branca aumentou em 38,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

 

 
Veículo: Valor Econômico


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