Rede Zacharias fecha as portas e pede recuperação

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Com uma dívida que pode chegar a R$ 12 milhões, o Grupo Zacharias, dono da Rede Zacharias de Pneus, entrou na sexta-feira com um pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falências do Tribunal de Justiça de São Paulo. A empresa vem a pelo menos uma década passando por dificuldades que, segundo o advogado Cláudio Daólio, do escritório Moraes Pitombo e Pedroso Advogados, envolvem tragédias familiares, má gestão e negócios enganosos.

 

A história toda começa quando Adhmar Zacharias, filho do imigrante libanês, Assad Zacharias, que fundou a empresa em 1934, morreu em 2000. Um ano antes, dois filhos do empresário haviam falecido em um acidente. Nessa situação, Anna Maria Zacharias, esposa de Assad, não viu outra saída a não ser assumir os negócios. "Na época, ela era uma dona de casa, não tinha conhecimento sobre gestão de empresas", diz Daólio.

 

Mesmo assim, segundo o advogado, Anna Maria se esforçou para levar a empresa em frente, apesar de mudanças no mercado de pneus, como a chegada dos produtos chineses e a entrada dos supermercados na revenda desses produtos.

 

Em 2007, a rede, que chegou a ter 92 lojas no final dos anos 80, já vinha acumulando dívidas, mas as lojas continuavam rentáveis. Naquele ano, Anna Maria, já à beira dos 70 anos, foi procurada por uma empresa que se apresentou "como especialista em recuperação de empresas em dificuldades." A proposta feita, então, à empresária foi a de "comprar todas as ações do grupo", diz o advogado. Anna Maria aceitou a oferta.

 

Pela proposta, oito prédios que pertenciam à Zapa Participações, a empresa que geria os imóveis das lojas Zacharias, seriam vendidos para o pagamento das dívidas da varejista.

 

Mas apenas três imóveis foram vendidos. As dívidas, entretanto, não foram pagas, conforme Daólio, e todas as 18 lojas da rede que restavam abertas foram fechadas. Os funcionários, segundo ele, não receberam suas indenizações.

 

Anna Maria procurou reaver as ações para tentar retomar a atividade das lojas. "A empresa concordou em devolver as ações, mas o dinheiro dos imóveis sumiu, assim como a própria empresa, que não foi mais encontrada", diz Daólio.

 

Desde então, a empresária vem tentando concertar os prejuízos desses últimos anos. A empresa que havia comprado a Zacharias "sequer fazia os registros contábeis da rede. Também não rescindiu o contrato de aluguel das lojas que fechou", diz o advogado.

 

A ideia, agora, caso a recuperação judicial seja aprovada, é vender os cinco imóveis da empresa, reabrir algumas lojas e licenciar a marca Zacharias. "A marca é um dos ativos mais valiosos da rede. Ela poderia ser licenciada para outras revendas de pneus, já que é muito reconhecida no mercado", diz Daólio. Hoje, a dívida da Rede Zacharias está estimada entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões, sendo que 70% desse valor é devido aos bancos Bradesco e Itaú. O restante é dívida trabalhista e com proprietários de imóveis alugados pela Zacharias. A decisão da 1ª Vara de Falências do Tribunal de Justiça de São Paulo deve sair em algumas semanas. (Com Daniele Madureira)

 

Veículo: Valor Econômico


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