Atropelada pela ressaca da crise mundial, que derrubou o faturamento das empresas e provocou demissões em massa em 2009, o polo industrial da Zona Franca de Manaus começou a reagir no primeiro semestre e deve contabilizar o desempenho mais expressivo de sua história, em 2010. De janeiro a junho deste ano, as receitas do polo chegaram a US$ 15,9 bilhões, com um crescimento de 54% sobre o mesmo período do ano anterior e cerca de 5,7% sobre 2008. A continuar nesse ritmo, até por conta da sazonalidade natural do segundo semestre, o recorde de faturamento deverá ser batido quando dezembro vier: na previsão de Oldemar Ianck, superintendente adjunto de projetos da Superintendência da Zona Franca de Manaus, deverá chegar a US$ 32 bilhões, contra US$ 26 bilhões em 2009 e US$ 30 bilhões em 2008, o recorde anterior. "Com raras exceções, como dos fabricantes de motos, todos os setores estão superaquecidos", afirma Ianck. "Assim, o nível de emprego cresceu e chegamos a 100 mil trabalhadores no final do semestre."
A recuperação da produção industrial, levou as empresas a desengavetar projetos guardados durante o imediato pós-crise e apostar no futuro. Nos últimos nove meses, o Conselho da Suframa aprovou um total US$ 2,3 bilhões em investimentos de expansão e implantação de novas fábricas. Na reunião mais recente, no final de agosto, os projetos mais expressivos em valor foram os da coreana Samsung, de US$ 160,3 milhões, e da chinesa H-Buster, com US$ 137 milhões, destinados a fábricas de telas de cristal líquido (LCD), e o da Digitron, que desembolsará US$ 152,7 milhões para a produção de discos rígidos. "Projetos como esses representam o adensamento da cadeia produtiva", diz Ianck. "Com isso, teremos assegurado localmente o abastecimento de insumos de alta tecnologia para os fabricantes finais."
Além do adensamento, Ianck chama a atenção para a diversificação em curso na Zona Franca. Até aqui dependente das indústrias eletroeletrônica, de informática e de motocicletas, que respondem por cerca da metade de suas receitas, o polo começa a receber projetos de vários setores. Um deles, por exemplo, é a fábrica de geradores e turbinas que a alemã Voith Hydro deve inaugurar no final do ano e que vai abastecer hidrelétricas que estão sendo construídas na região Norte, como Santo Antônio e Jirau, além de Belo Monte. Outro é a montadora de jipes da catarinense TAC, a segunda do setor automotivo a se instalar no polo, que já conta com a Bramont, que produz utilitários da indiana Mahindra. Um dos projetos mais aguardados, porém, é o da Adidas, que pretende investir R$ 15 milhões na produção de tênis, e está ainda em fase de negociações com o governo federal. "A diversificação, reduzirá a vulnerabilidade da Zona Franca às crises setoriais", afirma Ianck.
Veículo: O Estado de S.Paulo