Objetivo é que o consumidor tenha informação precisa, nos rótulos, sobre a quantidade de grãos e fibras adicionada aos produtos
Eles invadiram as prateleiras de padarias e supermercados como alternativa mais saudável para os consumidores. Mas agora os chamados pães integrais e seus derivados precisam de novas regras que indiquem de forma clara os percentuais de grãos usados na fabricação dos produtos.
O Ministério Público do Rio de Janeiro abriu inquérito para investigar os percentuais de ingredientes integrais nos pães industrializados. A meta é fazer com que os fabricantes informem nos rótulos, com clareza, a quantidade de grãos adicionada aos produtos.
A ação foi motivada pela falta de informação nutricional dos produtos que surgiram ao longo dos últimos anos, no que se refere à quantidade de grãos e fibras.
Até 2005, o Governo permitia que os pães levassem a marca de integrais mesmo com uma pequena quantidade de farelo. A resolução foi revogada e hoje não há norma específica sobre o assunto.
A criação de novas denominações, como multigrãos e sete grãos, tem confundido os consumidores, que acabam levando o produto sem a garantia de qualidade.
Nem mesmo a nomenclatura rico em fibras representa umasegurança para o consumidor. As fibras podem ser adicionadas artificialmente a uma massa de farinha branca, por exemplo.
Professor do curso de Nutrição da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Cezar Henrique de Azevedo acredita que a concepção do pão integral precisa ser bem descrita nos rótulos. "É fato que a rotulagem dos produtos no País é muito deficiente. No caso dos pães integrais, a situação se complica porque a informação é insuficiente para se saber o teor de fibras", assinalou Azevedo.
O grão integral refinado, por exemplo, não conta com o farelo e nem o gérmen, que guardam a maior parte dos nutrientes e fibras.
"Um produto feito com grãos refinados tem percentual menor do que os que utilizam o farelo e o gérmen. O problema é que essa informação não fica clara para o consumidor, na maioria dos rótulos", assinalou Azevedo.
Sabe-se, por exemplo, que nos Estados Unidos é preciso que o produto tenha 51% de grãos integrais para ser considerado integral. Estudo publicado em 2006 pela Universidade Federal de Santa Catarina mostrou que os pães de centeio comercializados no Brasil continham, em média, apenas 15,5% dos ingredientes integrais.
"Isso só reforça a necessidade de criar regras, normas bem claras que visem proteger o consumidor de levar algo que não está de acordo com a realidade", concluiu Azevedo.
Uso Moderado
O consumo em excesso de produtos a base de grãos integrais pode ser prejudicial à saúde. Conforme explica o professor do curso de Nutrição da UniSantos, Cezar Henrique de Azevedo, substâncias presentes nas fibras dos integrais, principalmente os crus, podem reduzir a absorção de minerais como zinco, ferro e cálcio. O ideal, segundo ele, é procurar consumir esses produtos de forma moderada, de preferência com orientação e supervisão de um nutricionista. "O produto genuinamente integral pode ser benéfico para a saúde. Mas precisa ser usado de forma correta pelo consumidor"
Veículo: A Tribuna de Santos