Indústrias tendem a manter preços

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Setor produtivo e varejo apostam na estabilidade diante da competição acirrada e da queda do dólar. 

 

A competição acirrada no mercado nacional e o dólar desvalorizado frente ao real estão ajudando a manter os preços dos produtos, servindo como uma espécie de antídoto contra altas excessivas do parque produtivo, segundo representantes do varejo e da indústria. De acordo com eles, no geral, o cenário é de estabilidade dos preços em relação ao ano passado. Entretanto, alguns artigos tiveram alta no valor negociado, que não foram consideradas expressivas, ficando na casa dos 5%.

 

Com o cenário econômico positivo, as negociações entre o varejo e a indústria para abastecer as lojas para o Natal, considerada pelo comércio a melhor data do ano em vendas, já começaram, com encomendas superiores na comparação com as efetuadas em 2009.

 

O presidente da Suggar Eletrodomésticos, José Lúcio Costa, ressaltou que é o mercado que determina os preços. "Embora a economia esteja vivendo um bom momento, com aumento do emprego e da renda, num mercado com concorrência intensa é complicado fazer aumentos e, quando estes acontecem, não chegam a ser expressivos. O nosso ganho hoje é mais de escala do que de preço", disse. Ele ressaltou que, no geral, os preços estão estáveis. "Há alguns reajustes da ordem de 5%, mais para recuperar as perdas com a inflação", explicou.

 

Conforme Costa, a produção da indústria localizada no bairro Olhos D’Água, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, está aquecida. O faturamento da Suggar em agosto na comparação com igual mês 2009 cresceu 28% na linha de produtos importados e 15% com os nacionais.

 

O empresário explicou que, apesar da cotação atrativa do dólar, os preços dos produtos comprados pela Suggar provenientes do exterior, em especial, da Ásia, não devem ficar mais baratos para o Natal. Dos 150 produtos que levam a marca Suggar, nove são produzidos no país e o restante é importado.

 

De acordo com ele, a importação é complexa, já que o dólar oscila, influenciada por variáveis econômicas e políticas. "Nada garante que a moeda norte-americana vai manter o mesmo patamar de hoje até o final do ano. Além do mais, existe a questão dos prazos, pois compramos os produtos bem antes, afinal para eles chegarem ao país são necessários pelo menos 125 dias", analisou.

 

Costa ressaltou que a época em que o varejo antecipava compras em razão do receio de alta nos preços ficou para trás e não descartou possíveis quedas nos preços para o Natal. "Tudo vai depender do comportamento do dólar e da economia como um todo. Antes de reduzir o preço dos importados é preciso ter garantia de que a moeda vai se manter num patamar baixo", disse.

 

Reposição - Outra indústria que manteve, no geral, os preços num patamar próximo do ano passado é a Oto Calçados, detentora da marca Spatifilus, localizada no Caiçara, na região Noroeste de Belo Horizonte, que teve crescimento nas encomendas da ordem de 12% em volume entre agosto e setembro até o nomento, conforme o diretor da empresa, Gilson Oliveira. "O que acontece é a reposição de custos. Os ganhos mesmos, como em muitas indústrias, é mais de escala", ressaltou.

 

As empresas do varejo de vários setores confirmam que o cenário é de estabilidade dos preços frente ao ano passado. O diretor-geral do Grupo Zema, Romeu Zema, afirmou que os preços não estão apresentando variações expressivas. "Há alguns reajustes pontuais, como da linha branca, ocasionada pelo aumento do preço do aço, que em média varia de 3% a 4% dependendo da marca. O mais alto verificado até o momento é de 7%, mas vale lembrar que não é real, pois tem a inflação do período", observou.

 

Ele ressaltou que o resultado da rede mineira de eletrodomésticos e eletroeletrônicos Eletrozema, com sede em Araxá (Alto Paranaíba), assim como na indústria, depende mais do volume. "No geral, os preços devem ficar semelhantes aos do ano passado", disse. Zema disse que as encomendas para o Natal devem ser 18% maiores na comparação com 2009.

 

Linha maior - No segmento de brinquedos, o cenário também é de estabilidade nos preços, conforme o proprietário da Brinkel, situada no bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte, Altair Rezende. "O que está acontecendo é que indústrias importantes do setor, como a Mattel, estão ampliando a linha de produtos mais populares", observou.

 

Ele disse que ao longo do ano os produtos nacionais tiveram aumento de preço, que não foram expressivos, não passando de 5%. "Foi mais para compensar a inflação", disse. Do mix da loja, entre 60% e 70% são produtos importados.

 

Outra atividade que observou estabilidade nos preços dos artigos importados foi o supermercadista. O diretor da rede Super Nosso, que conta com 12 lojas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Euler Fuad, afirmou que, no geral, os preços dos artigos provenientes do exterior não tiveram alterações, se mantiveram estáveis. Entretanto, em alguns casos, dependendo dos artigos há quedas que chegam a 8% frente ao ano passado. A projeção é de crescimento na venda dos produtos importados é de 30%.

 

Com o câmbio favorável, a rede ABC, com sede em Divinópolis, na região Centro-Oeste do Estado, registrou expansão de 25% na importação de produtos neste ano ante o anterior, com destaque para artigos provenientes da Argentina, Chile, Panamá e Itália, segundo o diretor-presidente da empresa, Valdemar Martins Amaral. Ele afirmou que, apesar de o dólar estar cotado abaixo dos R$ 2, o preços dos produtos se mantiveram praticamente estáveis.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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