Com custo menor, franquias avançam em hipermercados

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Se o volume de vendas registrado no caixa dos hipermercados tem ficado abaixo do esperado, o mesmo não acontece na sua área destinada a serviços. Nesses espaços, cresce a presença de franquias, estimuladas a abrir um quiosque ou loja dentro do hipermercado por conta do custo de operação 30% menor do que o de shopping center, em média, e com vantagens em relação às lojas de rua.

 

Depois de testar o canal durante pouco mais de um ano, a Cacau Show, rede de chocolatarias com 942 lojas em todo o país, planeja abrir dez unidades nos próximos três meses em hipermercados. "Esse canal é uma opção interessante para reforçar a marca em praças como São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte e Goiânia, onde já temos boa presença em shoppings e na rua", diz a gerente de expansão da Cacau Show, Marina Gentil.

 

Antes de tomar a iniciativa, a Cacau Show se certificou que o negócio não seria prejudicado na Páscoa. "Nossos maiores concorrentes são os ovos industrializados das grandes marcas, por isso fizemos um projeto piloto", diz Marina.

 

Oito das dez lojas que serão abertas pela Cacau Show em hipermercados estarão no Carrefour. Segundo ela, é a bandeira que tem se mostrado mais atuante na oferta de espaços às franquias. "Nossas lojas estão sendo posicionadas em frente aos caixas", diz a executiva, que também aponta como vantagem do formato a necessidade de menos gente na operação.

 

Com o projeto "Minha Loja", o Carrefour está revendo o seu mix para adequá-lo às necessidades do consumidor de cada um dos seus hipermercados. A rede diminui em até 10% a sua área de vendas, fazendo com que a área de "galerias", onde estão as franquias, ganhe o dobro do espaço. A estratégia de elevar a oferta de serviços nos hipermercados tem sido usada não só pela multinacional francesa, mas pelos concorrentes Walmart e Extra. O aumento de conveniência nas lojas é uma forma de tentar reverter a espiral de queda. No primeiro semestre, o canal amargou redução de 9% no faturamento.

 

"Os hipermercados, que já ofereceram serviços por conta própria no passado, voltam a focar na sua especialidade, mas querem parceiros que agreguem conveniência", diz Alberto Carneiro Neto, sócio da Casa do Pão de Queijo, que tem 110 das suas 450 lojas em hiper.

 

Do ponto de vista dos franqueados, o menor fluxo de público em relação aos shoppings é compensado pelo custo menor. Além disso, as redes costumam oferecer às franquias exclusividade no seu segmento de atuação, ou seja, não haverá concorrentes diretos. "Tem hipermercado que nem cobra luvas [taxa para entrar no empreendimento]", diz o presidente da rede de lanchonetes Rei do Mate, João Baptista da Silva Júnior. Das 271 lojas Rei do Mate, 17% estão em hipermercados, percentual que deve aumentar, diz ele.

 

Em comparação às lojas de rua, há outras vantagens. "Posso abrir de segunda a segunda", diz Simone Ribeiro Rodrigues, que acaba de renovar o contrato da sua loja Rei do Mate com uma unidade do Walmart na zona sul de São Paulo. No hipermercado, a empresária não tem que pagar condomínio, como no shopping. "Mas tenho mais segurança do que se estivesse com loja de rua", diz.

 

Sérgio Teodoro, que tem oito lojas Rei do Mate no Rio, lembra que o sucesso do ponto no hiper depende do marketing que a rede faz. "Na minha franquia na rede Guanabara, em Niterói, fico preparado para vender mais às quintas, dia em que a loja faz promoções", diz. Nesse ponto, Teodoro afirma ter um custo até 30% menor e uma venda 15% maior do que a sua loja no shopping Itaipu, também em Niterói. "O tíquete médio é maior porque o consumidor faz um lanche reforçado antes ou depois das suas compras no hipermercado".

 

Veículo: Valor Econômico


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